quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Untitled.






Penetro em tua carne,
tarde,
em uma noite onde não se quer nada saber.


Me perco no céu sem estrelas,
onde ecoa o meu súplico,
um único canto,
que agora se faz vazio
em mim,
em qualquer instante.
Rasgo de dor e de agonia
por perder a vida,
por senti-la.
Por dar sentido ao que se chama
Insano.
Ao que eu esqueci de perdoar em mim.


Por isso estou sempre vasculhando,
tentando compreender o imprevisível,
o meu luxo,
o teu olhar.





Lorena A.




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terça-feira, 29 de janeiro de 2008

ama[dor]



a friaca passou por mim e me deixou meio mole.

ardendo em ânsia.

e você se pergunta então:

o que eu a ver com isso tenho?

nada.

vai no vento junto com o teu

vácuo peito

ama[dor].



Lorena A.




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possibilidade?


...e dentro dela encontrei uma possibilidade


uma retração de sentimentos que querem sair


que querem ser libertados


de alguma forma


de alguma liberdade


em alguma libertinagem.


promiscuidade


oscilação,


perdição.


quem disse que o tempo muda as pessoas está enganado


o meu tempo me faz invento


me faz ver tudo com olhos de formiga


olhos famintos por desejos escavocados


ambíguos, paralisados,


que dividem os meus sonhos.


memórias catalogadas de uma vida passada distante


que vem à tona cada vez que a vejo,


cada vez que a percebo


cada vez que a desejo.











Lorena A.


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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

do que sempre poderia vir a ser.




me esquece que eu não te culpo por ser assim

feito um tamborim

onde eu toco os meus mais surrados sambas.

ousa,

quem poderia assim feito tu

usar e abusar

de mim

descobrir o meu segredo,

o meu manejo,

o meu desespero

e dominar-me enfim?

absurdamente cansei

e casei com o absurdo

com o lúdico prenúncio

de qualquer coisa que chateia.

maneiras

de ser eu invento,

pois sou meu próprio brinquedo

e que é uma pena que nem todo mundo

saiba brincar...

o poder custa caro

o prazer de um errado

de não ser-te santa

em nenhuma hipótese.

e por fim, acabo com a tua angústia rouca

e começo uma leve minha culpa,



do que sempre poderia ser.



Lorena A.






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amar.




vem, vem feito perversidade

que dá e vai embora

feito a felicidade

que em mim comemora.

me disseram que um dia

a insanidade viria

mas que tal é essa se

insana eu estive até agora?

normalidade fulgáz

curiosidade, rumor.

coisa que ninguém sabe descrever

coisas que penetram no meu ser.

submundo da lucidez

uma vaga lembrança

um talvez

de algo que se diz imundo

de algo que se diz meu mundo.

não falo pro que os outros vão pensar,

não quero doces nem um altar

quero mais é viajar

e desfrutar do amar,

do que nada pode me parar.




Lorena A.





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afoguetada.


afoguetada é o que sou,

pelo menos foi assim que me defini diante

da atitude mais blasè do mundo.

mas vi que esse afoguetamento é tão súplico

tão sórdido que merecia um troféu

de inutilidade sentimental e momentânea.

não sei mais nem falar,

abstive-me das palavras diante

da coisa mais singela que eu senti.

desejar não é poder

desejar é ser.

e ser eu não quero mais.

não pertenço ao tempo nem ao jamais.

tudo é derivado de um lamento

de um porquê lá de trás.

e o cansaço é de outrora,

fará parte de toda a trajetória

e porque não fazê-lo ficar,

sendo que sem ele

nada irá funcionar?

bom, então o mundo é redondo

e as pessoas nele se encontram

mesmo sem querer elas se encontram

mas nele eu não quero me encontrar.

porque em ti eu estou,

porque em ti eu sou,

e pra isso, precisaria

te reecontrar.







lorena a.
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moderninha.


sou uma mulher assim digamos,

moderna.

o que meu tempo dita é o que eu automaticamente

consumo,

e assumo, que não vivo sem o consumir.

se passo na rua, e vejo um perfume

logo quero que ele esteja entre tuas juntas,

para que em cada vez que eu percorrê-las

eu possa lembrar do preço que ele custou.

quando vou ao shopping e deslumbro-me com aquela calça

de vitrine, procuro logo o preço,

e penso

no quanto seria bom sentir sua mão entrando pelo zíper dela,

quando nela eu estivesse vestida.

e sobre os meus cabelos nem se fala!

eles falam por si só e acabam

por mim mesma definir.

cor dependente de lua,

corte de acordo com o humor,

textura de vez em amargura,

conseguir no dia me definir.

a tpm até ajuda em certos casos,

pois quando mais chata me sinto

mais é o fiasco,

e mais você me chama de bonita.

mas por quê, se bonita eu não sou,


o que tem de belo em mim

são as lindas unhas que eu fiz

e que mandei a mamãe do céu de oxum

pintarem de vermelho.

e diante do meu espelho

espero que os quilos que eu descobri

de ontem pra hoje que existem

desapareçam e cresçam

como o fermentado bolo de chocolate floresta-negra

devorado


na bunda que esqueceu de aparecer...









Lorena A.




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domingo, 20 de janeiro de 2008

um amor.



ela
oblíqua
absorta
absurda
abismada
abre mundo.

apressada
apresentada
agoniada
agatada
apaixonada.

extrema
estrela
estirpe
engenhosa
esquema.

maliciosa
maldita
maluca
maligna.

princesa
perdida
perfume
poesia.

uma rosa
uma flor
um dizer,
e apenas sempre,

um amor.



Lorena A.

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domingo, 13 de janeiro de 2008

nua.




uma vaga doçura se esvai
inocência camuflada
poucas palavras dizem muitas ações.
permitia tudo que julga
ser doce em meio ao seu amargo
ser acre em meio ao júbilo.
denunciam os olhos
todo poder despreendido
toda glória de ser o que é.
toda alegria de sentir-se o prazer
de ser o próprio prazer.
o desfrute tem teu nome
que em meu silêncio resguardei
por medo de esvair-me
e não mais poder em tua tentação
cair.
não mais pecar por amar
não mais pecar por apaixonar
de forma abrupta
nociva
sendo mais do que uma única lua
sendo toda tua,
e nua.

Lorena A.



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sábado, 12 de janeiro de 2008

a deusa e a puta.





e é assim que ele gosta de ser tratado
é assim que eu gosto que ele me trate.
o mal-tratado.
em busca de eteriedade fajuta,
de rebuscadas fontes de inspiração.
ação, paixão.
olhos revirando em certos momentos de angústia dolorida
doída,
prazerosa, de amor.
quero que seja assim mesmo
porque mais do que assim
é o que sou.
louca, louca e louca
pelo corpo que me hipnotiza
pelo cheiro que me enebria
pela boca que me parte ao meio
me faz em duas.
duas mulheres,
uma a deusa e a outra, a puta.

Lorena A.



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domingo, 6 de janeiro de 2008

perversión.




Perversão é para poucos e bons.

[palavras de uma incompreendida]




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sábado, 5 de janeiro de 2008

contorno e retorno.

desci no aeroporto de são paulo com plena noção do que estava prestes a me acontecer: durante aqueles torturantes horas de escala, eu viveria uma desenfreante ansiedade, que me deixaria anestesiada; e , como se não bastasse, teria ainda que tomar a decisão que por tempos teimei em adiá-la.

[bate outra vez, a esperança no meu coração]


desde a saída então, pensei em tudo que eu havia vivido com ele, no quanto havia sido bom! como o entregar-me havia sido pleno, como eu vivi bem o meu nunca esquecido primeiro amor. mas, ao chegar neste ponto agora, tudo mudou. outras histórias de amor vividas em uma outra terra distante, no outro lado do mundo, outras línguas trocadas... sexo, sexo, sexo...!


e enfim, até que eu ponto eu poderia compartilhar com ele, o meu tal homem que vive nos meus sonhos, o sonho de amor vivido que no passado deixei? não sei. a dúvida persiste e as horas, passam...


e como não levar em conta aquele outro homem com quem dividi diversas e adversas situações, que se pôs ao meu lado quando mais precisei, que mostrou-me sua face mais bela, sem precisar dizer me uma palavra sequer?


[estaria eu então dividida entre dois mundos, duas línguas, dois corpos, dois países.]


algumas poucas horas me separam desta terrível decisão. a encruzilhada está a minha frente e eu tenho que enfrentá-la.

aproximei-me do guichê e solicitei uma passagem para o goiás.


[e era lá que meu coração clamava por abrigo.]


mas eu, mesmo que inconscientemente, sempre tentei mater-me em mim uma postura racional diante das situações vividas, fiz uso mais uma vez dessa peculiaridade. negligenciei o que meu ta enganoso coração (ou intuição) estava tentando me mostrar.


e em seguida comprei o bendito bilhete de embarque para o meu passado, para aquilo que eu ardia em curiosidade.

as horas agora haviam sumido do meu relógio, e eu só me via diante da escolha já tomada: a hora do retorno.


Lorena A.



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[encandescência].

scraps.


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