sou uma mulher assim digamos,
moderna.
o que meu tempo dita é o que eu automaticamente
consumo,
e assumo, que não vivo sem o consumir.
se passo na rua, e vejo um perfume
logo quero que ele esteja entre tuas juntas,
para que em cada vez que eu percorrê-las
eu possa lembrar do preço que ele custou.
quando vou ao shopping e deslumbro-me com aquela calça
de vitrine, procuro logo o preço,
e penso
no quanto seria bom sentir sua mão entrando pelo zíper dela,
quando nela eu estivesse vestida.
e sobre os meus cabelos nem se fala!
eles falam por si só e acabam
por mim mesma definir.
cor dependente de lua,
corte de acordo com o humor,
textura de vez em amargura,
conseguir no dia me definir.
a tpm até ajuda em certos casos,
pois quando mais chata me sinto
mais é o fiasco,
e mais você me chama de bonita.
mas por quê, se bonita eu não sou,
o que tem de belo em mim
são as lindas unhas que eu fiz
e que mandei a mamãe do céu de oxum
pintarem de vermelho.
e diante do meu espelho
espero que os quilos que eu descobri
de ontem pra hoje que existem
desapareçam e cresçam
como o fermentado bolo de chocolate floresta-negra
devorado
na bunda que esqueceu de aparecer...
Lorena A.
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