[... ]onde está o amor morto?
O amor em que lugar vai morrer?
Pelos celeiros remotos, ao pé das rosas que já estão mortas
soterradas sobre sete pés de cinza daquelas casas pobres
levadas por um incêndio na aldeia?
Oh, amor
da primeira luz da manhã,
do meio-dia tenaz e suas lanças,
amor como todo o céu
gota a gota
quando a noite atravessa pelo mundo
em seu total navio,
Oh, amor
de solidão adolescente,
Oh, grande violeta derramada
com aroma e sereno frescor cheio de estrelas
sobre o rosto:
aqueles beijos que subiam a pele,
enramando-se e mordendo
desde esses puros corpos estendidos
até a pedra azul dessa nave noturna.
Terusa de olhos grandes
para a Lua ou Sol de inverno,
quando as províncias recebem a dor e a traição
do esquecimento imenso e tu brilhas,
Terusa,
como cristal queimado do Topázio
como a queimadura do cravo
como o metal que estala no relâmpago
e para os lábios da noite transmigra.[...]
Pablo Neruda.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Amores I: Terusa.
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