quinta-feira, 23 de agosto de 2007

silêncio


na sombra cúmplice do quarto,

ao contato das minhas mãos lentas,

a substância da tua carne

era a mesma que a do silêncio.



do silêncio musical, cheio

de sentido místico e grave,

ferindo a alma de um enleio

mortalmente agudo e suave.

ah! tão suave e tão agudo!

parecia que a morte vinha...

era o silêncio que diz tudo

o que a intuição mal adivinha.



era o silêncio da tua carne

da tua carne de âmbar, nua.

quase a espiritualizar-se

na inspiração de mais ternura.



[manuel bandeira]

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