segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

súplica



olha pra mim, meu amor, olha pra mim;
meus olhos andam doidos por te olhar!
cega-me com o brilho de teus olhos
que cega ando eu há muito por te amar.

o meu colo é arminho imaculado
duma brancura casta que entontece;
tua linda cabeça loira e bela
deita em meu colo, deita e adormece!

tenho um manto real de negras trevas
feito de fios brilhantes d´astros belos
pisa o manto real de negras trevas
faz alcatifa, oh faz, de meus cabelos!

os meus braços são brancos como o linho
quando os cerro de leve, docentemente...
oh! deixa-me prender-te e enlear-te
nessa cadeia assim eternamente!...

vem para mim, amor... ai não deprezes
a minha adoração de escrava louca!
só te peço que deixes exalar
meu último suspiro na tua boca!



[florbela espanca]

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