segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Neste espaço aonde não tenho lugar.

Quando abri aquela página, percebi que o que eu havia visto inicialmente se tratava de um mero fragmento. Típico de pessoas aguniadas, que vivem tudo com uma certa pressa de não saber de onde vem, nem para aonde vão. Tudo bem, não me puno por isso nem considero suas palavras como vãs. Apenas as ouço com a doçura de mim e acredito no mesmo que você acredita.
Chato é ter que esperar pra ir te ver. O oceano todinho conpilou e afastou você de mim. Mas o ar, essência maior do meu eu, disse que a calma é projetada no encontro, pois o futuro, ao contrário do que mentalizam outras pessoas, já existe, e o agora é só a espera por ele.
Viva o absurdo das horas!
Cúmplices de um ser feminino.
Fatalidade não há no meu existir, só permanecem os fatos, e claro, um vivendo amor, então.




Lorena A.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Dezembro.

Queria poder escrever todo dia, mas o todo dia aí demora, aqui demora e assim o tempo pára. Tendo todo ele pouco pra pensar e pouco espaço pra agir. A vida urge e teima em surgir. É tanta dança que pulsa nas veias por debaixo da pele, por debaixo da roupa. Tudo fere. Feito lança em horas que passam voando direto do ser de dentro. Do ser em chamas sendo o desejo que entorta cálido o teu amor em mim.







Lorena A.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008



"Quem as suas lágrimas canta,
Quando acaso as canta bem
Não canta só suas mágoas,
Canta as de todos também".



Trova, de Mário Quintana.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Reverie



Vou parar pra escrever.
Tá, tudo bem.
Escrever o quê, então?
Sobre você, sobre eu, sobre o mundo?
Sobram letras e falta criatividade.
Falta vontade de esmiuçar sobre essas verdades capitais
Que eu tanto teimo em enxergar.
Que eu tanto teimo em vesti-las com tuas falsas verdades.
Prefiro falar sobre o vão.
Sobre aquele que não tem origem,
Não se sabe de onde veio,
Nem pra onde vai.
Assim não se comete erros,
Não se diz atrocidades,
Não se equivoca.

Cheio de nãos também...
Desta forma preencho essa página.
Encho de lágrimas a vastidão.
A soturna e vazia lápide de um ser.
Um ser azul turqueza ou turmalina.
Mesmo preferendo ser rosa.
Mesmo não importando o que sai da boca ou do...
Ops,
Do outro lado de lá.
Aí do seu lado,
Interlocutor.
Que pra mim mais parece um abismo...
Nebuloso e rouco,
Onde repousam os meus mais sórdidos sonhos.
Onde cavalguei nos teus mais tórridos pesadelos
Que em fonte de prazer
Transformam-se em luxo, superficialidade.
Embrulho.
Mas no meu estômago
E no meu âmago.
Soco de vida e de amor.
Sopro de atitude e disposição.
Ser.
Não sei não ser mais.
E só.













Lorena A.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

How to desappear completely.



A vida se integra de vários caminhos, caminhos e certezas e dúvidas andam presentes no vão dos dias, no chão das horas, nas vontades de outrora.
Por saber disso tudo, caiu no desejo da realidade, na doce e linda canção. O que o olho diz, mas que a boca, não ousa dizer.

Espero.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

iluminado


Não dá. Não dá pra parar assim no meio da coisa. É tanto ímpeto que derrama. Mas como fazer ce uma certa vez eu li em alguma porta de banheiro que pior do que a própria ira, alimentá-la, é ter o seu prazer. De senti-la. Asssim como um prazer carnal, pois deve vir de mim mesmo, pois se fosse de outro lugar, certamente não seria assim.
Boicotes, vontades ao contrário, vontades ao passado. A tudo que dizia respeito do antes. Mas também passou, pois nessas sensações impera o medo do velho, prefiro o pânico, pois dentro desse existe um mar de possibilidades. Ilusórias ou não. Sendo eu ou não. Sendo tudo ao mesmo tempo.

O iluminado é sempre um iluminado. Por mais que a escuridão não o considere, a luz sempre prevalecerá.




Lorena A.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Perfeito eu.

Sem pressa. O sol não desfez a nuvem completamente. O momento da parcimônia é presente e eu não tendo a me apressar. Noivar com o baixo, o sereno, o trânsito leve. Com um pouco de submissão ao tempo, que tanto insiste em rompar. Mas nada dissso hoje, pois o amanhã é aguardo e eu cérebro. Celebro. A todo instante. A vontade é múltipla e eu me faço instante. Assim mesmo, instante. Como um vazio imenso... imerso no meu existir, nas minhas palavras-falas... expressões. Em cada dia que amanhece meio nublado, ou com aquele sol escaldante que me deixa mais tórrida. Menos sucumbida aos teus caprichos... Mais ainda apaixonada por mim mesma. Um verdadeiro e perfeito eu.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O passeio pelos quatro portões.

"Um dia, saindo pelo portão oriental do palácio, pretendendo fazer um passeio agradável, o jovem Siddartha confrontou-se com a figura de um homem idoso. Saindo pelo portão sul, em outra ocasião, ele viu uma pessoa doente. Então, quando saiu pelo portão ocidental, encontrou um cadáver. Finalmente, saindo pelo portão norte, encontrou um homem que havia abraçado a vida religiosa e estava engajado na prática de uma maneira digna. Profundamente comovido, imediatamente resolveu deixar seu palácio, e ele próprio segiu o mesmo modo de vida!"


[O passeio pelos quatro portões]. A história de como Sakyamuni veio a renunciar sua vida secular.

domingo, 30 de novembro de 2008

Conversas não em vão e sem fim.

- Lorys, porquê o mar não se apaixona por uma lagoa?

- Porque a lagoa é limitada. Presa. Pequena.
O mar é imensidao... grandeza.
E não se apaixona porque ele casou com a imensidão do céu...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Luz de cisne.

"E esse lance de hulmidade eu acho super bacana". Ia escrever um mas aqui, mas não cabe. É tanta não-passividade que eu choro. É por demais imenso, por demais gigantescamente valioso, imerso dentro de cada um. Basta saber ouví-la e simplesmente deixá-la fluir. Não é tão fácil assim, pois ao contrário do que se imagina, esta não o vai fazer sentir-se mal ou pequeno ou maltratado. Muito pelo contrário. Assim que a detectar e der-lhe vazão sua cara vai mudar, que o diga o seu coração!
Post rouco, tentativa de mudança. O dia começa logo cedo ao contrário de muitos outros dias atrás. O sono anda melhorando... as caminhadas têm sido múltiplas. Adoro! Sinto uma vontade imensa de flutuar pela ponte só pra poder contemplar os cisnes nadando embaixo dela. Sinto falta. Antes me pareciam meio sujinhos. Hoje, complementam a caixa de lembranças guardadas por mim, daquele lugar. Mas é bonito sim e é por isso que até hoje sinto falta. Mas sei que cisnes mais gelados me esperam. Lá naquele outro lugar que eu vi [no sonho] e que me chamaram pra morar junto. É tudo um não risco tão grande que eu me tremo. Me estreito em espera.





É melhor ser médio iluminado do que não saber o que é luz. (by arianne pirajá).







Lorena A.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Cada dia.


Cada dia mais centrada
Cada dia menos parada

Cada dia mais detalhe
Cada dia menos vontade

Cada dia, um dia a menos
Ao menos vivendo
No mais e mais...

Cada dia por dia
Cada dia menos vão
Em cada dia, imensidão.






Lorena A.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008



Plena é a felicidade de quem sabe esperar.

domingo, 16 de novembro de 2008

Milonga del amor.

Falo, não o calo. É como se o falar pudesse esvaziar o latejo no coração. Meio capenga ele está, mas de qualquer forma ainda resiste, cheio de arranhões e perfurações. Mas não menos ama-dor.
Escuto os discos, leio os livros e perco a vida. Por semanas ele permanece calado, mas por outras alguém vira e diz: "como estás falante hoje!". E é isso mesmo é a minha vontade de querer sair de mim.
Sair de mim pra entrar no avesso, no cabeça-pra-baixo e aonde quer que você esteja. Entrar no querer... aonde você queira.
Deixar o raciocínio cair na armadilha dos sentidos e pecar algumas semanas por isso.

É só o que se quer.






Lorena A.


sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Vermelho-veneno.

E por quão tarde ardi-me por sentir-te dentro de mim! Aquele momento cálido, revestido de uma moldura nada pura ou leve, me trouxe arrependimentos amargos. Mas acho que prazer maior na vida nunca senti.

Vesti-me aquela noite sabendo inconscientemente que haveria o devorar-te. Bom, nada demais se na minha condição houvesse a solteirice plena, banalizada e erotizada por desejos remotos de mulheres do passado, em viver uma liberdade feminina completa, não imaginando nunca que seus reflexos poderiam de alguma forma atingir os meus milhares de neurônios - e por diversas vezes hormônios - confusos e desordenados.

Saí sem ele. A noite era minha. No máximo também se extenderia a cúmplice que comigo carreguei, pois mesmo antes de saber que algum ato fálico, ou melhor, falho, pudesse vir a acontecer, ela teria que existir e permanecer na sua condição de guardar qualquer que fossem os frames por mim editados e estrelados naquela noite.

Quente pra variar, saí com aquele vestido mais-que-provocante. Um verdadeiro atentando ao pudor em versão da moda, coisa que todo homem deseja ver uma mulher usando só pra poder ter o prazer de tirá-lo, depois. Não foi propósito meu, confesso; mas o fogo já ardia a algum tempo. Aquele telefonema há muito tempo estava sendo esperado. O ok, o sinal verde, a flâmula branca, a rendição da carne.

Chamariam-me de adúltera, de prostituta, promíscua e todos esses nomes bonitos que a sociedade convencionou pra que pudessem uma forma de humilhar-me diante do meu ato. Sei bem o que fiz, o difícil de cair junto com a ficha, é a idéia que o ato foi uma repetição de muitos e muitos outros atos-gêmeos que estarão por vir. No presente ausente do futuro eles já estão todos prontos, concebidos. Meu desejo proclama isso e eu infelizmente não posso deixar de ouvir. Nada pessoal, mas o tênue fio da confiança essa noite foi corroído e corrompeu-se diante do intenso vemelho-veneno da traição.





Lorena A.

Prêmio Dardos.

"Reconhecer os valores que cada blogueiro mostra a cada dia, seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. Em suma demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras..."



* Regras a cumprir:
1 - Aceitar exibir a imagem e cumprir as regras;
2 - Linkar o blog do qual recebeu o prêmio;
3 - Escolher quinze blogs pra repassar o Prêmio Dardos.



Quinze Blogs é difícil... mas vô tentar!


1. A desjanela dela.
2. Alecrim e o sufoco atmosférico.
3. Kit Básico da mulher moderna.
4. Bromelianus Cubenses.
5. Retalhos sem tempo.
6. 23/03.
7. Vetor Existencial.
8. Intacta retina.
9. Farinhada.
10. Dadagaio.
11. Batumaré.
12. Merda pouca é bobagem.
13. Apenas um peregrino.
14. Lampião Pobricitário.
15. Morrer de rir.

Pronto?! Consegui...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Mais uma dose.

A loiraça entra no bar, senta no balcão e pede uma bebida.
- O que vai querer, moça? - interfere o garçom.
- Uma dose de ilusão, por favor.




Lorena A.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Koan

"O luar entranha-se nas profundezas do lago sem deixar marcas na água..."

quinta-feira, 6 de novembro de 2008



Vende-se desculpas esfarrapadas.

terça-feira, 4 de novembro de 2008



Tudo que vejo à frente do meu dia chama-se amor.

domingo, 2 de novembro de 2008

Propagação do Zen.

"Grande é a mente! A Altura do Céu é imensurável, mas a Mente vai além dele: as profundezas da Terra são também insondáveis, mas a Mente as sobrepassa. A velocidade da Luz não pode ser vencida, mas a Mente é mais veloz que ela. O Macrocosmo é infinito, mas a Mente vai além dele. Como é imenso o Espaço! Como é imensa a Energia Primordial! Apesar disso, a mente abrange o Espaço e gera a Energia Primária. Por causa dela (a Mente) o Céu cobre e a Terra sustenta. Por causa dela o Sol e a Lua se movem, as quatro estações ocorrem em sucessão e todas as coisas são geradas. Grande, na verdade, é a Mente!"

Propagação do Zen para a Proteção do País. Kozen Gokuku Ron.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Acento español.

Muita luz entrava pela janela escancarada junto com o vento, obrigando as cortinas a sacudirem e o cabelo dela a balançar numa dança permanente, quase fazendo-a perder a paciência. Meio bobo talvez, diante daquele momento todo de atmosfera desenhada, que se fazia por realidade. Deixando por entre as cobertas da mente, uma terrível ameaça: tudo haveria por se concretizar e o sonho não sairia dali imune.
Sabia que o desfecho era esse, pois tudo que se faz nessa encenação presente, diz respeito à tudo aquilo considerava seu.

Tímpanos sensíveis atentaram para o som que iniciara a ecoar pelo cômodo, cheio de sotaque espanhol, fazendo seu corpo e ancas corresponderem imediatamente à batida do ritmo. Música era o que ela era agora.

Meio bucólico aquele sorriso que lhe era entregue. Agradava-lhe porém a sua existência, pois era um sinal contundente do seu desejo sendo saciado.

Vestido vermelho e timidez ausente. Os cabelos ainda um pouco úmidos, revelavam o banho recente. Junto com o esmalte cálido e silencioso das unhas, pude constatar de que se tratava realmente de uma mulher verdadeiramente feminina, como uma lua concebida em ciclos, forte ao ter o poder de engravidar de si mesma, e despejar no mundo toda sua beleza e exuberância.

A roupa não era muita. Não haveria muito esforço então em tirá-la, considerando a minha ânsia e ímpeto, devidamente desejados anteriormente. Sendo assim, a facilidade de livrar-se de qualquer vestimenta rápido o suficiente era mais que considerável. Deveria cair de uma vez por todas e por fim, o fim ser consumido de forma rápida, intensa e extremamente prazerosa.

O vinho barato que entorpeciam os corpos daquela noite fora presente meu. As taças, já compradas a muito tempo atrás, simplesmente não enfeitavam mais as prateleiras daquela cozinha sem graça, hoje tiveram uma função especial. Tão especial que simplificavam tudo e eu percebi que elas realmente esperaram por tudo isso, esperaram por um não-triste-fim.



Lorena A.



O ladrão

deixou-a para trás -

A lua na janela.


Ryokan

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A fragilidade das coisas encaro com o silêncio. É feito a tristeza que não tem fim, irmã da felicidade finita, que dói choro, que dói pranto. Mas fazendo parte do todo da vida. E depois que tudo isso acontece, a mudança prevalece, sendo esperada ou não. Tudo se torna meio vago. Pesarosamente vago. Racionalismo nenhum é capaz de preencher esse "vago". Só o sentimento aqui entende.
A gente acostuma, pois a vida continua. Mas os brilhos continuam lá, junto com os sorrisos, esperando por uma única última chance de se fazerem percebidos. Outra vez.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008


ela pega a bolsa, ajeita a blusa e vai
vai correndo pela rua feito um trem
sem olhar para nada nem ninguém
sem freio vai entrando o atrito do ar
ela só pensa em alcançar aqueles braços
percorrer com a língua todos os seus traços
vai correndo porque quer penetrar em outra pele
falecer num gozo que a revele.



paula taitelbaum.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Disturbia.

E tanta intermintência me cansou. Me causou um inferno. O inferno astral que já passou e tudo aquilo que eu havia dito que ia fazer eu realmente fiz, mas alguma coisa me fez mal. Mal consegui digerir e ainda estou tentando. É tipo quando o tango toca e eu fico sem palavras. Apenas ouvindo. Sugerindo rumores preludiosos de uma vontade latente. Assim simplesmente. Sem meio termos ou coisas pela metade. Tão lúdico não? Tão lúcido então se faz na realidade. Embora sendo na verdade uma coisa de outrora, um absurdo não superado. Uma vontade de ser cubana, fumar charuto e andar pela praia. Vontade de fazer amor na praia. No chão de areia da exuberância. Na insistência do deixar-me ser carnal por alguns instantes. Sendo manipulada pela lua, pela rua, cheia de possibilidades estranhas. De pessoas entranhas, encravadas na minha doce ambiguidade humana. Na minha essência profana. De onde ainda não consegui desvencilhar-me. Só isso.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

haikai.


Manto negro no céu
Foco de luz ilumina
Ciclo fechado.




Lorena A.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

E em cada momento de desejo, eu aborto, eu aborto, eu aborto. O cheiro do cabelo já não te pertence mais somente por tua mão ter percorrido aquela outra perna. Teu olhar naquele momento já me fazia medo, e eu, me fiz rocha, tentando desarmar a tua armadura e deixar intacta a minha.
A minha retina te acusou. Os olhos, orifícios da razão (ou de ilusão?) te fez em pedaços. Vi mosaicos por todo o teu existir. E o que somente restou agora foram esses raios fortes caídos do céu, que cozinha a minha moleira e me deixa assim: vulnerável.
Dei tchau. Mesmo sem querer partir. E o assim está no foi e o nós no era...

sábado, 4 de outubro de 2008



Numa dádiva presente anterior, os pensamentos ecoavam-me como fardos, as pressões eram psicológicas e o calor inválido. Pensei que sair do frio seria como sair da frieza, encontrar aconchego é realmente bom, mas a alma inquieta se retorce, e a ambiguidade é múltipla.
É tudo muito grado. É tudo muito grato. As ressonâncias são autênticas e eu sei exatamente porque elas acontecem. Fardo? Não mais. Me serve de mola. Impulsionando os sonhos trazidos de uma existência anterior, outra dimensão, sendo que estes são exatamente projetados no futuro, na vivência posterior, no que ainda está por vir, no que está sempre vindo a ser.
Incrivelmente aceito esse desapego e usufruo de tudo que me concedes. De tudo uma coerência absurda. Materialmente essencial e contínua. Oportuna. Valiosa. Como que em cada canto ela estivesse lá. E eu, dentro dela.



A vida é uma sucessão de convites diários, válidos somente pra hoje.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

conecte seus desejos.



tudo ilusão.
tudo transita.

a dor do querer sim
é a dor do querer não.

ilusão.
tudo passa.
tudo transita.

desejos do ventre.
desejos em vão.

tudo passa.
tudo transita.

se a dor é do desejo
sem desejo não há dor

conecte seus desejos.







Lorena A.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

preceito budista.


Existem cinco preciosas oferendas que toda e qualquer pessoa pode dar.
Até aquelas mais miseráveis.

Um rosto pacífico.
Um pequeno e discreto sorriso.
Seus ouvidos.
Suas não especulações
(ouvir com o coração e falar com o coração procurando não julgar).

E seu lugar, cedendo para outra pessoa sentar.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A qual era.



Quando vejo toda aquarela misturada por entre essas teus tons pastéis, e algo assim super parecido com as cores que brilham nos teus olhos me faz continuar a derreter porque é essa a minha função diante de tanta exuberância.


[é a arte.]



Lorena A.

haikai.



Chuva de ontem
Árvore molhada
O ninho é dos pássaros.






Lorena A.


quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Não queira.



As mulheres falam muito.

Eu não adio o meu silêncio.

Não queira saber nunca

O que de ti penso.






Lorena A.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Just living.

Tudo aquilo que parecia sonho, comprimido com aquele desejo cálido de existência terceira, vislumbrei como uma digna forma de viver. Mas que só se tornou digna diante dos meus olhos fechados na dormência.


Cinzas, concretos e fumaça expeli esses dias. Nada demais, não me preocupo mais. Vão pros pulmões, mas não pros meus.

O turbilhão passa e a vazão da momentaneidade fica serena, tranquila... quase parada. Não vejo nisso necessariamente algo que seja dolorido, ou difícil de ser vivido, mas adormeço e permito que tudo não passe de acontecimentos.

Apenas sendo vida.
Apenas vivendo.










Lorena A.

EmCanto.



Canto triste
Triste canto
Tanto canto
Quanto triste
Tanto triste
Quanto insano

Tanto insano
Insano triste
Quanto canto
Triste e insano

Insano e triste
Triste insano!
Tanto sonha
O triste canto
Com um verso
Imenso
E triste.




Lorena A.

sábado, 13 de setembro de 2008

Apenas um tombo [na realidade].


E por enquanto eu carrego o mundo nas minhas costas, mas não peço pra que ninguém divida comigo, porque é insustentável a leveza deste meu ser.
Dentro daquela forma sagaz, existiu sempre uma outra personalidade intrusa, que se faz presente todas as vezes que o meu brilho chama, aquele mesmo brilho enturmecido, o inútil e delatador brilho sem fundamento, sem questionamento também e muito menos realidade. A realidade está dentro da caixola. E está numa dessas manhãs frias e secas, quando deixei cair dentro da desjanela dela, suando frio com esse sufoco atmosférico. Caiu do primeiro andar, não quebrou a coluna. Mas mudou até de cidade.

O que um tombo [de realidade] não faz com a pessoa.

ABENSONHADAS!





Lorena A.

domingo, 7 de setembro de 2008

on biguidades.





Umbigo
ambíguo.

Umbigo
amigo.






Lorena A.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Vozes no metrô.

Sou o próprio objeto do meu experimento. Viver pra mim é método científico da vida. O método inventado por mim, a forma mais peculiar que conheço, estilo de vida ou forma de viver a não ser a minha mesmo, que sai da minha vontade, desenhada em sonhos na minha cabeça, condizente com o sentido batendo dentro do coração meu. Paralelamente enfeitando o colo para assim perfeitamente executar seu trabalho profundo, da vontade restringida que me fez deixar as lágrimas que choro caírem no mundo fundo escuro do meio. Do meio da tua beleza explícita, que ofusca o brilho do amor próprio, mas sendo exuberante que é, casa-se com a minha. E brilha, brilha...

observatório.



encaro regras amargas como amarras
e bigornas
emaranhadas em meus pés,
assim são.
tipo do tipo do ir e voltar;
gosto de intermitência.
temo a impermanência clandestina.

ondas no vento: pensamento.

algo sujo de um dizer.
ser ou estar.

vácuo silêncio dominador,
é onde mora minh´alma.
devaneio, provindo de outrora vida.

eu já li algo sobre
eu já escrevi algo sobre
sobre... sobremesa...
sobre... soberba.

no dom da criação de mundos estranhos.
entre almas-entranhas,
pontadas de desejo,
latejo humano, turbilhão.

custo desta idade perene padrão.
motivo de um corpo preparado,
claustro.

pergunto: o que nos falta, então?





lorena a.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Lusco-fusco.


E o lusco-fusco da tardinha
se faz presente
ardentemente.
Tornando-me assim
seu único propósito.
De ser-me [n]o fim
exuberante [à] mente.



Lorena A.

domingo, 24 de agosto de 2008

Seductiva.



Tanta intermitência me cansa. Assim que me vejo em pedaços, se instaura um caos e eu só sou capaz de refletir uma outra realidade.
Mas é assim onde não cabe aquilo do pensamento. Sendo que o sorriso é sempre pelas palavras. E o choro, pela ação.

Agora que ele cresceu, posso fazer gestos mais sedutores, mais fêmea. "Saída" do agora é pra caçar outros machos. Na incrível lei da selva pela sobrevivência. Alguém no supermercado? Ou uma traição na academia? Tanto faz: o que te importa é o que permite. E não o que suas segundas intenções sempre impõem.


Lorena A.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

[Drinkmytears]zando.



E rompe-se a fraude. [Drinkmytears]zou-se demais. Hora de voltar à superfície.




Lorena A.

domingo, 17 de agosto de 2008

reescrever-te


Eu queria mesmo era poder sangrar como as rosas que caíram do alto, exalando perfume, desmanchando-se em pétalas, em vontade, ardendo em desejos, desmascarando vontades, sendo absoluta, sendo eu mesma.

Atrás da cortina de emoções, se esconde a verdade subliminar de todos os homens. A página em branco que um dia viu o rabiscado da vida, o amassado do mundo, a vontade de deslizar por entre sonhos e poder brincar [re]escrevendo cada porquê da vida quando se têm vontade.

Eu posso ser assim. Mesmo sendo o mundo atribulado em mim, desisti das regras e hoje permaneço na crise de identidade da dúvida: a certeza, no amor.

Mas quando o sopro de anjo me surgiu, surgiu junto com ele a vontade de reescrever-te, sobre a nova anguladura frágil do meu ser. com as tintas da minha possível segurança da alma, onde o medo faz uma base e eu, me disponho a admiti-la não mais como a nuvem de dúvidas. Mas sim como o poema que nasce por entre tuas mãos.

Calo.



Calo-me então por esses dias
Pra cair na escuta do coração
Pra fazer a leitura da alma
E pra poder enfim...

Pra cair no meio do moinho.






Lorena A.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Le Petit Morte.


E só de pensar em cada centímetro-pele desse teu corpo ardente cheiroso que me dá ânsia, me dá coragem de pertencer a alguma seita; de acertar um desafeto, de permanecer intacto, de caminhar até a lua, de amar profunda-mente.

Não sei exatamente o que ocorre, mas me sinto perto de uma Le Petit Morte. Ou melhor ainda, me sinto dentro dela, como uma burguesa desejada por seus subordinados extasiados diante da exuberante beleza.

Ardo.

Na tarde, no cedo, no em qualquer momento. A vontade e o domínio estão pulsando um dentro do outro e esse um dentro do outro está pulsando dentro de mim. Dentro de um quadro das estações, onde apenas consegui viver com você uns dias de verão.

Subitações, velocidade nos fatos. Intensidade nas paixões.

Que força-desejo é essa tão insanamente imensamente capaz de derrubar teus tabus, de te fazer viver no nu e no cru, na realidade insípida e encontrar em meio tudo isso uma selva de vontade, de prazer, de ser alegria e satisfação plena? Le petit morte. Talvez tenha achado a frase-chave da minha vida. Carpe Diem que me perdoe.





Lorena A.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Mulher Búfula Branca.


Muito tempo atrás, a tribo nativa norte-americana Lakota (ou Sioux) vivia de forma simples, caçando búfalos nas campinas para sua sobrevivência. Um dia, dois jovens índios saíram a caminhar, atentos a qualquer movimento, quando vislumbraram no horizonte algo se movendo com rapidez. Chegando mais perto viram que era uma linda mulher, envolta por uma luz brilhante. Os jovens tinham índoles diferentes: um deles apenas apreciou a beleza da mulher, mas o outro dela se aproximou, com intenções de violentá-la. A mulher abriu seus braços e cobriu o conquistador com seu xale, ambos ficando dentro de uma névoa. Quando a neblina se dissipou, o outro jovem viu com espanto, saindo do xale da mulher o esqueleto do seu companheiro, que logo se transformou em poeira soprada pelo vento. Comovido, o jovem se ajoelhou perante a misteriosa mulher e pediu-lhe que fosse com ele para ensinar à sua tribo os mistérios da vida e da morte. Ela concordou e pediu que preparassem uma grande tenda onde toda a tribo pudesse se reunir. Lá a mulher mostrou um cachimbo feito de argila vermelha com um longo cabo de madeira, e pediu que este cachimbo fosse usado em ritos sagrados para lembrar e honrar a ligação dos seres humanos com todas as outras formas de vida, além de reverenciar a Mãe Terra, pois cada passo que fosse dado sobre seu solo seria como uma oração. Após estes ensinamentos a mulher se afastou e foi se transformando lentamente em uma vitela de búfalo branco. Foi por isso que esta misteriosa mestra foi denominada Mulher Búfala Branco, detentora do cachimbo sagrado e de seus mistérios.

Na antiga tradição Lakota a causa primeva de tudo, o princípio primordial da criação era Wakan, o ventre da Mulher Búfalo. Reverenciado como o vazio cósmico, um receptáculo de infinitas possibilidades de criação, Wakan era descrito como um grande recipiente estrelado, contendo inúmeras centelhas de vida adormecidas, esperando serem ativadas para se integrarem à realidade terrena. O principio ativo e co-procriador era Skan, que, semelhante a um relâmpago cósmico, mergulhava no receptáculo sagrado e acordava as centelhas para a luz da existência.

Nas tradições nativas a mulher era a representante de Wakan na Terra, responsável pela continuação da vida humana, sendo um ser sagrado e por todos respeitado. Ela também tinha a missão de preservar e cuidar da paz e da harmonia dos relacionamentos, entre os membros do clã, com as outras tribos e com os reinos da criação. Eram as mulheres que criavam e cuidavam da complexa teia das atividades e relacionamentos humanos, evitando conflitos e divisões e ensinando como “caminhar suavemente sobre a terra”. Mesmo quando a chegada dos conquistadores europeus despertou a cobiça, rivalidade e violência entre as tribos, os Conselhos das Matriarcas dos clãs e das Avós se empenhavam para restabelecer a paz e relembrar a suprema lei da Criação: ”viver em harmonia com todos os seres do círculo da vida”. Competiam às avós as decisões finais por desfrutarem de muito respeito e honra pela sua sabedoria ancestral e experiência de vida. Desde uma tenra idade os meninos eram ensinados pelas mães a respeitar e vivenciar as qualidades femininas; eles viviam no meio das mulheres até os sete anos e aprendiam qualidades e artes femininas como gentileza, respeito, compaixão, cozinhar, costurar, plantar, colher, bem como manter as tradições e a harmonia, natural e humana. Quando passavam para o círculo dos homens aprendiam as atividades masculinas, mas jamais lhes era incutida a violência ou falta de respeito para com a Natureza, mulheres, crianças, idosos ou doentes. Um homem de respeito e autoridade era aquele que cuidava bem da sua família e da sua tribo, preservava os reinos da Criação e honrava as tradições e os ritos sagrados.

A mensagem que a Mulher Búfala Branca trouxe para o mundo contemporâneo é lembrar que todos nós humanos, independentemente de cor, origem, gênero ou situação social, fazemos parte da complexa teia da vida e somente vivendo com respeito, harmonia e paz, poderemos atravessar os períodos cruciais que nos aguardam. A lição da Mulher Búfalo Branco foi: ”viver em paz com todas as nossas relações” e “tudo o que fizermos à grande teia da criação faremos a nós mesmos, pois somos um só ser vivo”. A expressão ”todas as nossas relações” é usada para representar o círculo da vida a qual todos nós pertencemos, simbolizado pelo cachimbo sagrado. Seu bojo feito de argila vermelha representa a Terra, no seu interior está gravado um búfalo, significando todos os seres de quatro patas, e também a abundância da Terra que sustenta toda a vida. O cabo ou tubo do cachimbo, feito de madeira, simboliza tudo o que cresce sobre a terra. As doze penas que o enfeitam são de águia e descrevem as criaturas que voam, enquanto as conchas representam o reino aquático. Ao acender e fumar o cachimbo reunem-se os elementos (associados com as ervas, a chama e fumaça, as cinzas) e também todos os reinos da criação. A oração que acompanha o ato de fumar o cachimbo é direcionada em benefício de todos e do Todo e é o objetivo principal deste rito sagrado.

A Mulher Búfala Branca continua se comunicando conosco através das visões e mensagens recebidas por muitas mulheres contemporâneas. Um comovente testemunho é encontrado nesta linda canção, recebida em uma visão pela xamã, compositora e divulgadora dos antigos rituais sagrados, Brooke Medicine Eagle. Vamos refletir e colocar em prática estes atuais e necessários conselhos:

Buffalo Woman is calling. Will you answer Her?
She’s calling light, she’s calling peace
She’s calling spirit, she’s calling you
Buffalo Woman is calling. Will you answer Her?
I will answer Her. We will answer Her!



http://www.teiadethea.org/?q=node/53

sábado, 2 de agosto de 2008

cotidianismos.


Tem dias em que a lua se inverte assim mesmo e me causa uma certa tontura. Vertigem das coisas. Vejo as coisas cotidianísticas sem nenhum pudor ou poder acorrentado. Nesses momentos, jorram questionamentos sem fundamento. Coisas que poderiam ser evitadas e eu perderia menos tempo pensando. Planejando, programando. Mantendo a mente trabalhando por coisas que se concebe no futuro e nos faz esquecer por pouco do presente brilhante a que pertencemos.
É, acho que é isso.
Mas te digo também: não sou tola. Peco porque peco porque sou essencialmente fartamente descaradamente e enfadadamente humana. Coisinha simples de se compreender por isso que eu não compreendo nunca. Minha fase é na complicação, naquilo que me faz raciocinar, por vezes sem uma determinada serventia, mas por medo de viver no vão.
Pronto então!
Era só o que faltavam: as palavras.
Palavras, sim, mas certezas não. Pra que dizê-las então? Usa tua magia? Apenas porque tens a boca tão carnuda quanto à minha e a força do teu pensamento me faz chegar até você. Até tuas pernas e teus pés gelados, aos quais meu calor é compatível e eu consigo esquentar.
Corpos gelados pedem sangue quente.
Palavras de adeus pedem momentos de chegada, e eu peço e peco por ti.
Por vezes querer tuas maneiras dentro das minhas e com isso poder contemplar as estrelas. E dentre isso tudo, sentir na pele um toque de redenção.



The tears that I cry, they washed my eyes for that I see better you .




Lorena A.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

learning to love.

Sou tudo o que o vento levou,
sendo o que um dia já foi
e o que já não é mais o agora.

Faço parte do curso destemido,
da pressa sem sentido
e da solidão companhia.

Facilidade pra perdoar
Necessidade de visualizar
Um horizonte.

Aonde?
Aquele horizonte
azul, ali...!

Caio no buraco do mundo
Num abismo profundo
Onde deuses vão me buscar

E em asas de borboleta
Me ergo
Sendo eu, o desapego

Perdendo o chão,
Ganhando o céu,
Mas aprendendo a amar.






Lorena A.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Menu.




Prato do dia:


Feliz à beça.


sopro.



dia de hoje
que viveu no ontem
mora no amanhã.

saudade
não tem idade
não tem cidade

ansiedade
nem tempo
nem lugar


tem apenas oco
sopro no coração.







lorena a.

todo dia.



e quando o
dia é dia
de saudade
tem o nome
de todo dia.






lorena a.

scraps.


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