domingo, 29 de junho de 2008

Light.

No cansaço da repetição, me vejo em luz.
Naquela luz que emana de um lugar específico que
digamos, só eu sei a determinada proveniência.
E mesmo sabendo disso tudo, não faço gestos gloriosos por saber. A turbulência é intima, mais do que eu poderia imaginar. Faz parte de um fazer de tudo pra manter o controle, sendo que na melhor das hipóteses um sorriso derrama as minhas lágrimas.

Intempestivamente corro por entre as borboletas frágeis que moram no meu estômago. Chega a dar náuseas quando a conversa fica naquele ponto. O crucial, que sempre eu só consigo identificar por ti, porque por mim, todas as fichas já foram gastas e eu que vivia no sempre presente, faço parte hoje da roda dos distraídos, desatentos. Daqueles em que se pode confiar. Pois por você não vou me apaixonar.

Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.
[Dizem, né?!]






Lorena A.

sábado, 28 de junho de 2008

Agora.


Por esta página em branco à minha espera, tive que vir correndo. Foi fácil chegar porque é assim que sou. Me reconheço nisso, na inquietude de todas as coisas, na pressa, na contramão. No básico talvez, mas sempre atrás da segurança. Orgulho pouco, muita falação, palavras, palavras e palavras. Soltas ou não. A independência é da sorte.
Da sorte que fala por si, que se transpõem em dramas; como arte, sendo aquela coisa que você julga ser o porquê de todos os sentidos. Dos seus sentidos maiores, das visões, dos desejos, dos sentimentos.
Mas assim mesmo vou correndo pra ver o meu amor, pra achá-lo mais rápido, um rompante! Uma rasteira. Flâmula branca hasteada. Redenção.





Lorena A.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

No doubt.

Nada como a dúvida que cessa. A chuva que passa, dando lugar ao sol insistente em brilhar. Nada como a vida que se renova, sem que eu precise pintar isso num quadro. Sem que eu precise ensaiar uma cena, sem que eu precise compor uma canção ou te tirar da prisão. Nada como essa coisa que me disseram que existia. Nada como nesse momento calar-me e deixá-la falar.
Sua língua é clara, a mais evidente de todas. Principalmente daquelas que teimavam permanecer em âmago meu, me trazendo todas aquelas coisas que eu chorei pra você. Igual a todas as vezes que você fala a palavra mágica e eu me desmancho, derreto. As lágrimas que choro, de vez em quando, soavam o seu nome. Mas ao contrário do que pareça, o frio que congela tudo, congela também meu coração, músculo latente, fazendo ele se aquietar. Ele se projetar em anos, em viver mais na frente e agora, dizendo que tudo aquilo que se conjuga num passado já não existe mais.

E mesmos em saber muito de tudo, eu vivo agora no daqui pra frente.








Lorena A.






terça-feira, 24 de junho de 2008

Sometimes.

Sometimes.

Às vezes eu gostaria de saber o que se passa comigo, se é algo real ou ilusório. Ou se é patologia, ou não.
Descobrir o caminho das pedras foi fácil. Mas encontrar o caminho de volta pra casa foi encontrar-se em meio a um labirinto de provocações absurdas que eu acho que hoje em dia já me acostumei a tê-lo comigo. É como se eu sentisse prazer nisso, somente em te agradar, sendo que usando uma tática só minha. A tática do resguardo solitário. Da redenção.

Lorena A.

domingo, 22 de junho de 2008

A própria felicidade.


A própria felicidade.

E mesmo que eu tentasse desfazer os laços de cetim, não conseguiria, pois tu me deste nós, mas não ensinou-me a desatá-los.
Me fiz presa à você na minha forma mais livre. E isto se deu quando atingi a negritude penetrante das meninas dos teus olhos.
Naquele instante me entregaste as algemas e eu me tranquei, joguei a chave fora e me afoguei no teu mar de rosas.
Te entreguei até a minha espinha dorsal, onde em cada vértebra foram desenhadas as letras do teu nome, cada fonema entranhado em minha medula.

[...]

Agora, aquele moço que mora na esquina acabou de profeciar-me que a vida dura até onde você começa. E ele disse ainda que eu era feliz. Mentindo mais uma vez.

Eu sou a própria felicidade.




Lorena A.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Amor.

Amor.

Minha essência vive na tranqüilidade daquelas tardes onde não se tem muito o que fazer.
Onde a presença e a segurança é o que importa, que implora pra não ser vista de longe, pra que não desapareça.
Estas tardes me atraem, assim como aquele cheiro seu de pele impregnado na minha. Em lembranças guardadas no sempre e agora mais ainda, depois de todas estas mais recentes, elas resolvem fazer mais sentido. Nada que poucas horas de avião não resolvam.
O importante é o coração.
E meu coração é assim mesmo. Intempestivo e ao mesmo tempo sublime, leve, tenta carregar todo mundo dentro dele da maneira mais confortável. Por vezes se sente ameaçado, mas logo sabe que o que importa é o valor do que carrega dentro de si. E não exatamente o quê.
Cheio de ânsia e nostalgia, me enche de esperança quando me vejo confusa, ou quando ando buscando soluções. Me enche de paixão, quando descubro por vezes do que sou capaz, da dignidade e humildade que me é oferecida, a de amar. A coisa que penetra nos meus dias feito desejos... que pede e me impele a ser eu mesma todo dia. De sê-lo sempre. O amor.

Lorena A.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Samba!

Samba!

Sabe quando você sente que tudo que andou ouvindo, andou vendo, andou percebendo ficou meio gasto, frouxo, sem aquele tesão de sempre, a novidade, a delícia do experimental? Sentir-se assim é comum. Mais comum do que se realmente percebe. A impaciente vontade de nós seres humanos modernos moradores destas nossas grandes e preenchidas cidades é de nos sentirmos o melhor possível o tempo todo. Buscar, buscar e buscar tudo que nos faça cada vez mais o nosso termômetro de prazer subir!

O brasileiro faz disso o seu dia-a-dia. Tudo é motivo de festa, comemoração, de prazer! Até aquele fato que te remói as entranhas pode ser um ótimo motivo pra te fazer lembrar que a realidade de fato, certas vezes pode ser esquecida.

E que, melhor ainda, nesse tal esquecimento plantamos as nossas mais ricas raízes, a transformação nas artes, na expressão dos sentimentos.

Poderíamos considerar então a trilha sonora perfeita para esse esquecimento, a linguagem mais brasileira da música: o samba.

O hedonismo se manifesta assim através dele. Quem dos ritmos mais remexe as cadeiras, rebola mais? Nossa mulata seria tão menos bela se não fosse o samba batucando ao fundo; as nossas praias talvez deixariam de ser tão afro-dizíacas, se esse tão profundo bem-dizer não permanecesse em cada canto nosso. Nos guetos, nas casas, nas ruas, no dia-a-dia tupiniquim.

Na verdade, eu não saberia o que seria de mim!

Por fim considero uma das mais belas manifestações típicas do nosso cotidiano, aqueles botecos trajados de nostalgia, insinuando a beleza da música, das artes. Na voz de estrelas de uma noite ou daquelas que brilham durante toda uma vida. Nada importa. O que vale é somente o prazer da vida. O prazer de viver.

E sabe porque dizem que Deus é Brasileiro?

Porque ele sabe sambar!

Porque o samba é isso aí, meu rei. Te embala, te envolve e não te devolve. Depois que você escuta, entra na dança, vai ser no seu sangue aonde ele vai correr mais.

Lorena A.



segunda-feira, 16 de junho de 2008

Lilith.



Lilith.

Dentre as rubras unhas dos teus imaculados pés

Sob a tua boca a doçura escarlate

A pureza de uma deusa nua

A juventude que inebria

Carne dura nua e crua

Feita de pele e de osso

E do mais belo colosso.

Transmite a imagem

Oh Deusa Lua

Da tua perfeita

Vaidade.



Lorena A.

Tece-lãs.



Lindo trabalho esse
de mulheres fiadeiras,
mulheres aranhas,
que com suas mãos,
tecem mantos de luz
para proteger o mundo mágico da criação.
Mulheres em ação,
sem manhas, nem tramas e artimanhas
apenas tecelãs sábias,
dos tempos de todas as luas,
minguantes, novas,
crescentes de luz e poder
e finalmente plenas,
cheias de encanto e amor.

Poesia pagã de Eliane Dornelas.


domingo, 15 de junho de 2008

Quase.


"Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."


Luís Fernando Veríssimo.

sábado, 14 de junho de 2008

Em claves - música em mim.


Descubro potencialidades em mim. Ou melhor, dou ouvido ao que elas querem dizer, às suas transmissões. Encarno uma certa fantasia de roda bailada, das festas de junho ou de qualquer uma outra.
Pra ser feliz, me desfaço de todas elas e encarno a mim mesma. Na trajetória mais insípida e marcante que alguém pode desejar um dia viver.

Minha autenticidade e meu padrão autêntico são insolúveis. Notáveis e transitivos caminham juntos com aquele que me faz bem. Que me faz sentir mulher sem que eu peque um nada por isso. Onde, ao contrário do que se imagina, se vive o deslumbre, a infinita magia de ser livre.

Feito música, que quando se faz presente se liberta ao mesmo tempo,
e invade a cada um que com ela se encante, que com ela se encontre.

Lorena A.

Em claves - música em mim.



É engraçado como certas complicações antes travadas em nível íntimo e pessoal terminam por se desmanchar e sumir como uma bolha de sabão. Não entendo toda esse vontade de tornar-se um existir mais diferente que o outro, ou um deixar de ser quem eu sou de formas exageradas, exacerbadas, ou trabalhar a vida como o vento. Passou, e já foi.
Eu não entendo.
Pretensões de entendimento nem sempre entram em questão. É melhor ficar quieto.

E tudo aquilo que tem um livre fluir me encanta. Dou a melhor parte de mim e assim vêm as recompensas. Trâmites recompensadores, desígnos consolidados. Desejos saciados.
Daí mais desejos encaminhados, projetados em si.
Enamorados em mim.

Desta e de outras vidas que perpetuam como sono, vindo todo dia, sendo "presente".
Invariáveis situações me tratam como se eu fosse aquela criança imatura cheia de dramaticidade que se desmancha para poder conseguir o que quer. O amor é maior do que esses casos onde o apelo é afetivo.



Lorena A.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Haikai.



No porta-retrato
um tempo respira,
morto.




Yeda Prates Bernis.

Fé.


Fé.
E eu soube o quanto não era fácil. O semblante segurava o que o coração queria transbordar. Foi assim durante todos esses dias. Mas quando há o enlaço em Morfeu, o tecido íntimo se mancha de dor, lamúrias de um sentimento que não passará jamais.
É mais tudo isso não quer dizer nada, porque uma vida continua e eu queria que ela continuasse assim mesmo, mas queria também um manual de como enfrentar toda a confusão causada por conta de fatos tão sórdidos.
O choro é profundo, o sentimento é profundo, a perda é profunda. A sete palmos do chão que eu nem tive coragem de ver. Mas fazer o que se tudo o que nasce, cresce, enlouquece, reproduz, incha e morre? Normal, Eu tenho conformações cabíveis pra conviver com essa realidade absoluta, o que não me bate é essa necessidade social de que eu tenho que te mostrar a pungência da minha dor. Pra que mesmo? Você tem antídoto? Eu achei uma antídoto. Teve gente que percorreu esse caminho comigo, me deu colo, afago e tudo aquilo que eu te falei ontem que queria. Pois tudo isso veio. E veio de um alguém que agora já está na distância chamada longe.

Da lama ao quarto me veio a condição de ser tua.
[Lá] pelas quatro me vi em nós.
Somente dois.



Lorena A.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Congratulations!

Em detrimento de atribulados dias vividos por esta autora que vos escreve, digna de seus escritos publicados neste viril blog, esqueci-me de comemorar a data certa do nascimento deste tão bem nutrido meio de perpetuação de idéias minhas aos incompreendidos e efevercentes que o leêm.
Agradeço a todos que adentram nos meus diversos mundos. O lisonjeio me invade quando vejo a quantidade de comentários relevantes e de números de leitores.
E como forma de agradecimento, o vídeo da música-banda-refrão inspiradores do título do blog.

The Gathering - In Motion #2.

Drink my tears as I cry.





Obrigada à todos!


Lorena A.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Mourning.

Mourning.

E sorrateiramente o anjo da morte bateu à minha porta.
Mesmo custando a atendê-la, eu fui lá, destranquei a porta e ela entrou.
Feito um vendaval naqueles extremos continentes, onde eu nunca pus os pés.
Como quem não queria nada, ela me foi cruel, cumprindo fielmente seu papel, trazendo a dor, a incerteza, a mudança, a insegurança e o medo.
E me trouxe aqui para levar-me a pessoa mais linda que conheci em toda minha vida.



Adeus, meu pai.
Que Deus, dono de todo esse mundo,
E de todos os outros que eu ainda não descobri,
Apenas adiou desta vez, o nosso encontro.



Lorena A.

scraps.


Trimera Casa de Letras.

Blogueiros do Piauí.