quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Lusco-fusco.


E o lusco-fusco da tardinha
se faz presente
ardentemente.
Tornando-me assim
seu único propósito.
De ser-me [n]o fim
exuberante [à] mente.



Lorena A.

domingo, 24 de agosto de 2008

Seductiva.



Tanta intermitência me cansa. Assim que me vejo em pedaços, se instaura um caos e eu só sou capaz de refletir uma outra realidade.
Mas é assim onde não cabe aquilo do pensamento. Sendo que o sorriso é sempre pelas palavras. E o choro, pela ação.

Agora que ele cresceu, posso fazer gestos mais sedutores, mais fêmea. "Saída" do agora é pra caçar outros machos. Na incrível lei da selva pela sobrevivência. Alguém no supermercado? Ou uma traição na academia? Tanto faz: o que te importa é o que permite. E não o que suas segundas intenções sempre impõem.


Lorena A.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

[Drinkmytears]zando.



E rompe-se a fraude. [Drinkmytears]zou-se demais. Hora de voltar à superfície.




Lorena A.

domingo, 17 de agosto de 2008

reescrever-te


Eu queria mesmo era poder sangrar como as rosas que caíram do alto, exalando perfume, desmanchando-se em pétalas, em vontade, ardendo em desejos, desmascarando vontades, sendo absoluta, sendo eu mesma.

Atrás da cortina de emoções, se esconde a verdade subliminar de todos os homens. A página em branco que um dia viu o rabiscado da vida, o amassado do mundo, a vontade de deslizar por entre sonhos e poder brincar [re]escrevendo cada porquê da vida quando se têm vontade.

Eu posso ser assim. Mesmo sendo o mundo atribulado em mim, desisti das regras e hoje permaneço na crise de identidade da dúvida: a certeza, no amor.

Mas quando o sopro de anjo me surgiu, surgiu junto com ele a vontade de reescrever-te, sobre a nova anguladura frágil do meu ser. com as tintas da minha possível segurança da alma, onde o medo faz uma base e eu, me disponho a admiti-la não mais como a nuvem de dúvidas. Mas sim como o poema que nasce por entre tuas mãos.

Calo.



Calo-me então por esses dias
Pra cair na escuta do coração
Pra fazer a leitura da alma
E pra poder enfim...

Pra cair no meio do moinho.






Lorena A.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Le Petit Morte.


E só de pensar em cada centímetro-pele desse teu corpo ardente cheiroso que me dá ânsia, me dá coragem de pertencer a alguma seita; de acertar um desafeto, de permanecer intacto, de caminhar até a lua, de amar profunda-mente.

Não sei exatamente o que ocorre, mas me sinto perto de uma Le Petit Morte. Ou melhor ainda, me sinto dentro dela, como uma burguesa desejada por seus subordinados extasiados diante da exuberante beleza.

Ardo.

Na tarde, no cedo, no em qualquer momento. A vontade e o domínio estão pulsando um dentro do outro e esse um dentro do outro está pulsando dentro de mim. Dentro de um quadro das estações, onde apenas consegui viver com você uns dias de verão.

Subitações, velocidade nos fatos. Intensidade nas paixões.

Que força-desejo é essa tão insanamente imensamente capaz de derrubar teus tabus, de te fazer viver no nu e no cru, na realidade insípida e encontrar em meio tudo isso uma selva de vontade, de prazer, de ser alegria e satisfação plena? Le petit morte. Talvez tenha achado a frase-chave da minha vida. Carpe Diem que me perdoe.





Lorena A.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Mulher Búfula Branca.


Muito tempo atrás, a tribo nativa norte-americana Lakota (ou Sioux) vivia de forma simples, caçando búfalos nas campinas para sua sobrevivência. Um dia, dois jovens índios saíram a caminhar, atentos a qualquer movimento, quando vislumbraram no horizonte algo se movendo com rapidez. Chegando mais perto viram que era uma linda mulher, envolta por uma luz brilhante. Os jovens tinham índoles diferentes: um deles apenas apreciou a beleza da mulher, mas o outro dela se aproximou, com intenções de violentá-la. A mulher abriu seus braços e cobriu o conquistador com seu xale, ambos ficando dentro de uma névoa. Quando a neblina se dissipou, o outro jovem viu com espanto, saindo do xale da mulher o esqueleto do seu companheiro, que logo se transformou em poeira soprada pelo vento. Comovido, o jovem se ajoelhou perante a misteriosa mulher e pediu-lhe que fosse com ele para ensinar à sua tribo os mistérios da vida e da morte. Ela concordou e pediu que preparassem uma grande tenda onde toda a tribo pudesse se reunir. Lá a mulher mostrou um cachimbo feito de argila vermelha com um longo cabo de madeira, e pediu que este cachimbo fosse usado em ritos sagrados para lembrar e honrar a ligação dos seres humanos com todas as outras formas de vida, além de reverenciar a Mãe Terra, pois cada passo que fosse dado sobre seu solo seria como uma oração. Após estes ensinamentos a mulher se afastou e foi se transformando lentamente em uma vitela de búfalo branco. Foi por isso que esta misteriosa mestra foi denominada Mulher Búfala Branco, detentora do cachimbo sagrado e de seus mistérios.

Na antiga tradição Lakota a causa primeva de tudo, o princípio primordial da criação era Wakan, o ventre da Mulher Búfalo. Reverenciado como o vazio cósmico, um receptáculo de infinitas possibilidades de criação, Wakan era descrito como um grande recipiente estrelado, contendo inúmeras centelhas de vida adormecidas, esperando serem ativadas para se integrarem à realidade terrena. O principio ativo e co-procriador era Skan, que, semelhante a um relâmpago cósmico, mergulhava no receptáculo sagrado e acordava as centelhas para a luz da existência.

Nas tradições nativas a mulher era a representante de Wakan na Terra, responsável pela continuação da vida humana, sendo um ser sagrado e por todos respeitado. Ela também tinha a missão de preservar e cuidar da paz e da harmonia dos relacionamentos, entre os membros do clã, com as outras tribos e com os reinos da criação. Eram as mulheres que criavam e cuidavam da complexa teia das atividades e relacionamentos humanos, evitando conflitos e divisões e ensinando como “caminhar suavemente sobre a terra”. Mesmo quando a chegada dos conquistadores europeus despertou a cobiça, rivalidade e violência entre as tribos, os Conselhos das Matriarcas dos clãs e das Avós se empenhavam para restabelecer a paz e relembrar a suprema lei da Criação: ”viver em harmonia com todos os seres do círculo da vida”. Competiam às avós as decisões finais por desfrutarem de muito respeito e honra pela sua sabedoria ancestral e experiência de vida. Desde uma tenra idade os meninos eram ensinados pelas mães a respeitar e vivenciar as qualidades femininas; eles viviam no meio das mulheres até os sete anos e aprendiam qualidades e artes femininas como gentileza, respeito, compaixão, cozinhar, costurar, plantar, colher, bem como manter as tradições e a harmonia, natural e humana. Quando passavam para o círculo dos homens aprendiam as atividades masculinas, mas jamais lhes era incutida a violência ou falta de respeito para com a Natureza, mulheres, crianças, idosos ou doentes. Um homem de respeito e autoridade era aquele que cuidava bem da sua família e da sua tribo, preservava os reinos da Criação e honrava as tradições e os ritos sagrados.

A mensagem que a Mulher Búfala Branca trouxe para o mundo contemporâneo é lembrar que todos nós humanos, independentemente de cor, origem, gênero ou situação social, fazemos parte da complexa teia da vida e somente vivendo com respeito, harmonia e paz, poderemos atravessar os períodos cruciais que nos aguardam. A lição da Mulher Búfalo Branco foi: ”viver em paz com todas as nossas relações” e “tudo o que fizermos à grande teia da criação faremos a nós mesmos, pois somos um só ser vivo”. A expressão ”todas as nossas relações” é usada para representar o círculo da vida a qual todos nós pertencemos, simbolizado pelo cachimbo sagrado. Seu bojo feito de argila vermelha representa a Terra, no seu interior está gravado um búfalo, significando todos os seres de quatro patas, e também a abundância da Terra que sustenta toda a vida. O cabo ou tubo do cachimbo, feito de madeira, simboliza tudo o que cresce sobre a terra. As doze penas que o enfeitam são de águia e descrevem as criaturas que voam, enquanto as conchas representam o reino aquático. Ao acender e fumar o cachimbo reunem-se os elementos (associados com as ervas, a chama e fumaça, as cinzas) e também todos os reinos da criação. A oração que acompanha o ato de fumar o cachimbo é direcionada em benefício de todos e do Todo e é o objetivo principal deste rito sagrado.

A Mulher Búfala Branca continua se comunicando conosco através das visões e mensagens recebidas por muitas mulheres contemporâneas. Um comovente testemunho é encontrado nesta linda canção, recebida em uma visão pela xamã, compositora e divulgadora dos antigos rituais sagrados, Brooke Medicine Eagle. Vamos refletir e colocar em prática estes atuais e necessários conselhos:

Buffalo Woman is calling. Will you answer Her?
She’s calling light, she’s calling peace
She’s calling spirit, she’s calling you
Buffalo Woman is calling. Will you answer Her?
I will answer Her. We will answer Her!



http://www.teiadethea.org/?q=node/53

sábado, 2 de agosto de 2008

cotidianismos.


Tem dias em que a lua se inverte assim mesmo e me causa uma certa tontura. Vertigem das coisas. Vejo as coisas cotidianísticas sem nenhum pudor ou poder acorrentado. Nesses momentos, jorram questionamentos sem fundamento. Coisas que poderiam ser evitadas e eu perderia menos tempo pensando. Planejando, programando. Mantendo a mente trabalhando por coisas que se concebe no futuro e nos faz esquecer por pouco do presente brilhante a que pertencemos.
É, acho que é isso.
Mas te digo também: não sou tola. Peco porque peco porque sou essencialmente fartamente descaradamente e enfadadamente humana. Coisinha simples de se compreender por isso que eu não compreendo nunca. Minha fase é na complicação, naquilo que me faz raciocinar, por vezes sem uma determinada serventia, mas por medo de viver no vão.
Pronto então!
Era só o que faltavam: as palavras.
Palavras, sim, mas certezas não. Pra que dizê-las então? Usa tua magia? Apenas porque tens a boca tão carnuda quanto à minha e a força do teu pensamento me faz chegar até você. Até tuas pernas e teus pés gelados, aos quais meu calor é compatível e eu consigo esquentar.
Corpos gelados pedem sangue quente.
Palavras de adeus pedem momentos de chegada, e eu peço e peco por ti.
Por vezes querer tuas maneiras dentro das minhas e com isso poder contemplar as estrelas. E dentre isso tudo, sentir na pele um toque de redenção.



The tears that I cry, they washed my eyes for that I see better you .




Lorena A.

scraps.


Trimera Casa de Letras.

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