sábado, 28 de julho de 2007

o sonho IV.

Acordo. Abro os olhos e tento reconhecer onde estou. O sol brilha forte e ofusca minha visão. Procuro por ele à minha volta e percebo que ele partiu. O que terá acontecido? Pra onde ele pode ter ido? Se tudo que eu vivi foi apenas um sonho, porque eu ainda estou aqui? Será que estou acordando dentro de outro sonho?

Desesperou-se. A ansiedade tomou conta do seu corpo. Meu Deus, antes de despertar eu estava com o ser mais belo que ela já havia conhecido na vida. E agora, estava só. O pior era que ainda não tinha certeza de sua própria realidade.

Pôs-se a andar por entre trilhas no bosque iluminado, a temperatura mantinha-se amena, o que lhe dava mais segurança, mas não diminuía seu desespero.

Por que estava vivendo aquele pesadelo? Mais uma vez estava mergulhada em dúvidas. Pensamentos desconexos que a ela não faziam o menor sentido. Lágrimas escorriam-lhe no rosto. Brotavam dos olhos involuntariamente. Durante dois dias andou perdida em um bosque solitário e entre pensamentos vazios.

Exausta e transtornada de fome, caminhava entre árvores que, reconheceu ela, serem árvores que costumam habitar margens de rios e lagos. Naturalmente, por ali perto haveria água.

Logo em seguida avistou uma cabana incrustada em uma rocha, na margem do lago à frente. Correu desesperada como se estivesse tendo a visão do divino: naquela cabana estaria a sua salvação.

Aproximou-se da porta e bateu com o pouco de força que lhe restava.

Agora ela só poderia esperar.

Quando quase desmaiava na varanda da tal cabana, com as pernas tremendo, aproximou-se da porta um rapaz, com mais ou menos da sua idade:

"Sei que está fraca e faminta. Entre, aqui estará segura."


continua...


Lorena A.



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o sonho III.

O amor enfim que eu tanto esperava. Minha utopia se realizava, e eu ali, sem nenhuma condição de entender o que aquilo poderia me proporcionar.

Amor. Paixão. Carinho. Saudade. Vida. Resignação. Plenitude. Inquietude. Magia. O sonho e a mais bela realidade. Poder. Querer. Busca. Encontro. Soma, multiplica. Entrega. Doação. Presente. Corpo, coração, mente e alma. Prazer e dor. Ser e não ser. Ser livre em tuas mãos.

E essas mesmas mãos tocam suavemente os meus cabelos. Afagam o meu rosto, baixam até a minha cintura e envolve-a. Aperta-me. Fico colada ao teu corpo, sinto em meu rosto a temperatura do teu hálito. Tua boca me beija, estamos prontos para amar.

Afasta meu vestido, preto, rodado. Arranca-me a calcinha com a suavidade dos teus dedos. Penetra-me. O êxtase é inevitável. Amo, amo e amo.

Estou plena. Os deuses se encontraram e eu estou em comunhão com eles.

“Deusa Lua abençoe nossos corpos, conceda toda a energia da paixão para que nosso momento se propague mais e mais no universo. Que irradia amor. Que suas vibrações toquem o coração dos humanos. Se eu encontrei o amor, quero poder dá-lo ao mundo.”



continua...

Lorena A.



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quinta-feira, 26 de julho de 2007

o sonho II.

II

Iniciamos então a distante missão de descobrirmos um ao outro, assim como aquele que fez tudo que há ao nosso redor, fez você e sua infinita beleza.

Não saberia dizer se já imaginava algum esboço dele ou não. Simplesmente aconteceu como aconteceu com o lugar: como se tudo houvesse sido pré-planejado. Mas aquela altura aquilo já não me incomodava mais, apenas a ânsia de tê-lo por completo – seu corpo, seu coração, sua mente, sua alma - me consumiam mais que tudo.

Queria tanto conseguir exprimir os sentimentos que guardei durante toda uma existência a você nesse momento de agora. Mas vejo que mais uma vez o controle é roubado de minhas mãos, e que não pertenço a esta missão. Alguém encarregouse de tal feito, permitindo que eu apenas usasse meus olhos como fonte de comunicação.

Nada mais importante. Tudo é tão sublime que entrego qualquer poder que possuo em troca de poder sentir cada minúcia desse momento.

O cheiro. Meus sentidos agora pertencem a um substantivo indizível, a algo que seja simplesmente humano. Não seria capaz de retratá-lo com palavras, meras expressões humanísticas, a não ser que surgisse a mim, como tudo neste belíssimo sonho, línguas novas, uma perfeita e inédita linguagem angelical. Fora isso, nada mais seria suficientemente digno de expressar meus mais belos sentimentos.

Tua pele retrata a mais bela pureza. Possui a suavidade da superfície da pétala de uma orquídea e o aroma de uma rosa recém florescida, ainda orvalhada, úmida e quente. Meu trabalho agora é contemplar-te, sentir cada centímetro do amor que tens a me oferecer.

Chegamos a uma parte desconhecida do bosque. Rodeada de árvores centenárias e suas trepadeiras, ouço o piado de aves que anunciam o descanso. Enquanto a natureza prepara-se para jogar de vez seu negro manto e espalhar nele cintilantes lampadinhas florescentes.

Ainda sinto o mormaço de uma quente tarde, com céu limpo e brisa constante. O clima estava agradável, mas a medida que a noite chegava, eu começava a perceber que esta viria fria. O que me consolava era saber que o meu calor estava ao meu lado.

Escolhemos o canto mais perfeito. O mais perfeito pra nós. Lá sentamos e ele se dispôs a me presentear. Fez surgir um belo banquete com guloseimas: das mais diversas possíveis. Não só as que eu gostava, mas todas aquelas que eu poderia desejar.
Frutas, muitas frutas. Robustas, vívidas, suculentas. Deliciei-me com este manjar dos deuses, com as iguarias que ele me proporcionava. Um belo momento de prazer.

Enfim, ele tira de sua sacola uma vistosa garrafa de vinho. Não conheço seu rótulo, muito menos a origem, mas mesmo assim saberia que ali havia o vinho mais delicioso e encorpado que um ser humano já foi capaz de produzir e que agora eu iria experimentá-lo.

Vinho. As taças de cristal clamavam para ser preenchidas com tal líquido delicioso. Seu aroma inebriante me fazia querê-lo mais e mais, chegando a tomar mais de cinco taças. Ao fim do deleite, ele me entrega uma bela jóia. Uma bela safira. Reluzente, magnífica. Fico atônita durante alguns instantes. Sem entender direito mais uma vez o porquê daquilo tudo.

Tome, isso é seu. Ela lhe pertence. Tudo que vim fazer aqui foi entregar-lhe tudo que de melhor possuo, sem nenhum constrangimento e despreendimento. De onde vim, nada disto é mais valioso do que a perfeição do seu sorriso, a maior janela da alma humana.

Seus olhos são como faróis. São eles que guiam o caminho que mais me é certo a seguir. Por isso, não cogito nem questiono o porquê disso tudo. Porque apenas sei que é o certo.

Seus lábios, dois travesseiros onde neles posso repousar os meus, e descansar meu coração, sentindo segurança na suavidade do seu toque.

Teu corpo é meu refúgio, nele sei que posso confiar, é a minha fortaleza, meu lar. Tua mente me mantém seguro, fiel e confiante. Sei que por ti consigo viver. Se não foste tu, apenas tu, todas estas pequeninas razões, não existiriam.

Seria tudo isso, o amor?

::lorena a.::

Continua...


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quarta-feira, 25 de julho de 2007

o sonho I.

I

Caminho por ruas quase escuras, traçando uma imagem de noção da noite lua que me espera a seguir. Por entres essas ruas nuas, vielas saudosas e viris, me entrego à direção de sua beleza, à beleza desta cidade.

Sinto-me em casa. Apesar da distância exorbitante e dos contrastes quase constantes, consegui me desvencilhar de meus costumes inúteis aqui, então, nesta terra. Nem a temperatura me fez sentir muito a diferença. Na verdade é como se tudo encaixasse perfeitamente, como eu - mesmo que inconscientemente - o tivesse planejando anteriormente. Mas será feito disto um perfeito sonho longínquo? Ou apenas a uma projeção perfeita de desejos mais oriundos de vida e de bem-estar?
Não sei. Só sei que é a aqui que eu sempre quis estar.

Enxergo mais a diante belas palmeiras postas dentro de um ostentador bosque ladeado por imensos campos gramados, com cheiro e cores característicos.
Como poderia alguém tão bem projetar divinas paisagens apenas pare o meu bel prazer e deleite? Quem seria capaz de dar-me tanta beleza, assim, no instante em que eu cheguei neste lugar? Apenas alguém com tamanha obstinação em fazer-me feliz, poderia dispor-se a tal trabalho.

Aproximo-me do belo jardim central, cores, muitas cores são-me impostas. Tenho um profundo desejo de experimentar o aroma de cada flor, como se visualizasse cada uma delas a ponto de sentir todas ao mesmo tempo e como se tocasse uma por uma.
quero correr por entre este campo, embora algo me diz que não posso, que é proibido. É que as Flores podem parecer inofensivas à primeira vista, mas em seu caule carregam seu maior mecanismo de defesa. Seus espinhos.
Frustrei-me por não poder contemplar tal beleza, tocando-as, sentindo-as em seu mais profundo perfume.
Logo me desfiz desta idéia pois algo claramente notório chamou minha atenção.

Água... Como se eu pudesse sentir-te antes mesmo de te tocar. Penetra em meu corpo com toda suavidade presente no universo, onde nada mais do que teu leito representa a vida.
Um lago. Verde, cristalino, mágico.
Contemplei-o por alguns minutos. Calada. Absorta.
Vejo meu reflexo na água e percebo que sou apenas um ser humano. Insignificante diante de tanta perfeição.

Como pode alguém dar-me tanta plenitude e ao mesmo tempo roubar-me sua companhia, tornando-se sempre presente e ao mesmo tempo, sendo invisível pra mim?
O que queres de mim se não posso dividir contigo minhas emoções, meus sentimentos, que deveriam ser como tesouros à ti?

A pele do meu ombro sente o toque suave de uma outra pele que eu ainda não conhecia.

Você... Eu sabia que você viria. Eu exclamei e você surgiu. Não me interessa de onde, nem como. Só importa que está aqui. O resto? O resto não existe.
Tu vieste aqui para contemplar comigo tudo que há de mais belo neste mundo. Tudo que todos um dia sonharam em possuir. Nem riqueza, nem saber, mas sentimentos, que exprimem todo o pulsar do coração do mundo.

Mas tu não és humano. Não completamente.
Como podes me amar tanto, e sair de onde veio, um lugar melhor do que esse, para simplesmente me amar? Dar-me prazer infinitamente, ao meu corpo e à minha alma, sem sequer saber porquê?

Tu sabes porque eu é que não saberia dizer-te porquê.
Porque simplesmente sinto.
E deste sentir, não quero sair.

[Eles beijam-se.]


continua...

Lorena A.


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samba.

tudo é permitido
enquanto ainda não é ouvido
o grito da razão
perturbando a emoção
de quem ainda não aprendeu a amar.
não tenho medo
não vivo em vão
porque este coração
não cansa de se dar.

vem,
que poesia tenho sobra,
onde nosso samba é de verso e prosa,
onde meu coração só cabe
em te amar.


Lorena A.



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quarto escuro

entrei em teu quarto escuro
e por um segundo
comecei a flutuar

entrei no teu quarto escuro
inútil
cheio de tralha e pouca luz
que me conduz
até o ponto
onde não se quer mais nada enxergar.

atravessei o quarto escuro
meio morimbundo
sentindo o pulsar de tuas veias
onde permeia
a tua paixão que foi buscar.

deixei então seu quarto escuro
seu músculo vazio
perdido
achando que lá ia me encontrar.


Lorena A.



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terça-feira, 24 de julho de 2007

visto

Olhe que eu vim aqui dizer
Que dessa terra vou valer
Vou sair, vou além-mar
E num posso acreditar
Vejo no cabelo da menina
Que no povo predomina
A cegueira nordestina
De querer sempre viajar
Olhe para sua terra
E plante pensamento
Viva o celestino
Sem medo e sofrimento
Passa, passa, passa-tempo
Já tirei meu documento
Só preciso de um alento
Para poder economizar
O meu suor quando pinga
Peço um gole de birita
E cajuína cristalina
Da minha terra quando eu voltar
O sertão vai virar mar
E os peixes irei pescar
E quando eu ficar rico,
Vai ser tudo uma questão de visto
À vista
No mar
À vista pro mar.


[J.R. Albuquerque]

quinta-feira, 19 de julho de 2007

sou um bicho.

sou um bicho
um bicho assim tristonho
às vezes até meio medonho
dá medo até de olhar.

sou um bicho
transparente, negligente, fluente
que comete erros e
não sabe amar.

sou um bicho
meio humano
tentando
ser alguém melhor que é.

sou um bicho
me escondo entre ardores
pintado com falsas cores
difíceis de decifrar.

Lorena A.


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pensaste.


e eu pensei que ele fosse real.
mesmos erros cometidos,
mesmas frases feitas ditas,
mesmas paixões perdidas.
na profundidade do seu astral,
mostrou-se também humano
meu erro ficou contemplando
tudo o que o seu pensar me dava.
angústia, medo e raiva.
sem falar no ciúme,
coisa que eu abominava.

mas mesmo assim não tornei-me arrependida
da triste dor adormecida
de uma mulher vivida
mas que havia desaprendido de amar.

deu ouvidos aos maldizeres,
polidos com tanta sede
sede que seca
sede que erra
sede que não liberta,
mas aprisiona.

fez cair lágrimas de uma perdida
perdida em seus encantos
perdia em seu pranto
perdida na insensatez natural
que provoca a paixão.

não,
juro-te que não queria isso mais não
mas como se tenho um coração
que não pára de me pertubar.

não,
mas no fundo eu queria sim
por mais que a dor não tenha fim
pertenço à ele,
ao amor,
com eu sem louvor,
essencialmente
amando...


Lorena A.



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domingo, 15 de julho de 2007

poema indecente.

Poema indecente


O beijo, o fogo, o gozo
um gesto de prazer
a magia do momento
tudo por acontecer

sabores escorrem da boca
sensações lúdicas, loucas
teu corpo no meu, somos um
delícias sem fim, você dentro de mim

o lado alvo e revirado do lençol
olhos que brilham feito um farol
guiando nossos sonhos com torpor
delírios de uma noite de amor

A cama se inflama, se incendeia
há mais do que desejo e tesão
há centelhas de fogo à nossa volta
iluminando esse momento de paixão

incandescente, sutil, caliente
assim se desenha um belo versejar
após o amor nos inspiramos a rimar
e compomos um poema indecente...

[...]


viajo.

Viajo...
Contemplo a suavidade do teu corpo
A intensidade do teu cheiro
Me perco em casa existir.

Viajo...
Em presente momento
Atraindo a lentidão do tempo
Que insiste em adormecer.

Viajo...
Em teu pensamentos mais profundos
E teus sonhos mais oriundos
De uma essência puramente
Livre.

Lorena A.



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deuses.

"... depois de comer essa refeição simples, ficamos sentados juntos ao fogo, com o corpo cansado demais para nos movermos e o espírito ainda não disposto a dormir, observando a chama diminuir até virar brasas que brilhavam como o sol desaparecido.
- Corinthius, quando tiver sua escola em Londinium, vai se lembrar de mim?
- Como poderia esquecer a minha pequena dnzela, viva como um dos raios de sol de Apolo, quando estiver lutando para enfiar hexâmetros latinos nas cabeças obtusas de dezenas de meninos? - As suas feições exaustas se franziam em um sorriso.
- Deve chamar o sol de Belenos - disse eu - nessa terra do Norte.
- Era o apolo dos hipérboreos a que eu me referia, minha filha, mas é tudo a mesma coisa.
- Acredita nisso mesmo?
Corinthius ergueu uma sobrancelha.
- Um único sol brilha aqui e na terra onde eu nasci, e embora o chamemos por nomes diferentes. No domínio da idéia, os grandes princípios por trás das formas que vemos são os mesmos. "

[ A sacerdotiza de Avalon - Marion Zimmer Bradley]

sexta-feira, 13 de julho de 2007

"Quanto tempo você espera para que um sonho se concretize?
Uns abandonam seus sonhos assim que se defrontam com problemas.
Outros têm sonhos mais arraigados dentro de si,
Mas quando atravessam o vale das frustrações,
Os enterram com lágrimas."
[Augusto Cury]

o quê.

O que fizeste afinal?
Trouxeste consigo
Como um vento frio
Desmancha o calor
E desbota toda cor
Que brilha em meu semblante.

O que fizeste contigo?
Trouxeste o amargo
A dureza do falado
A sensível nobreza do pensar.

O que fizeste comigo?
Acabou a minha doçura
Me perdeu em amargura
Na irrevogável condição
De te amar.

Lorena A.




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carrego.

Carrego no peito

Estreito

A espera do teu lar.

Carrego no peito

Suspeito

Teu bem-ser

E o meu penar.

Carrego no peito

Mal feito

Teu sorriso mais moço

Maroto

Que sempre se encarrega

De me libertar.




Lorena A.


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ciúme meu.

Não consigo ser indiferente,

Ardentemente

À este sentimento que me corrompe.

Quando ele fala,

Cala,

A minha verdadeira intenção.

Não me sinto bem

Meu bem

Me magoando assim,

Mesmo sabendo do triste fim

Que ele vai me fazer te dar.

Ele sussurra

Usurpa

A vontade que esta outra não existisse.

Não tem jeito

Sinto um aperto

E por fim

Ele emerge

Isano, convincente, intransigente

Meu ciúme,

Minha calúnia,

Minha ofensa e dúvida

Do teu amor.


Lorena A.


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quinta-feira, 12 de julho de 2007

que tu tens?


Vazio?

Sinto não.

Vontade?

Sinto sim.

Presença?

É infame

Diante

Da que vem de ti.

Saudade?

O tempo todo.

Solidão?

Meu maior combate.

Tristeza?

Só se for de não te ter.

E te terei

Até quando

As distâncias

Não existirem mais

Ou até

Elas resolverem

Viver pra sempre.

Mas como

Tudo consigo

Tudo permito

Por estar com você.

Caminha e vem

Trazendo nessa

Tua dança ensaiada

Espontânea

A meus passos de samba

A canção de vanguarda

Que exala

Todo amor

Que tenho por ti.


Lorena A.



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peco.


E eu pequei

Pequei sim

Pequei mesmo

Assim sem precedente

Meio como acidente

A ocasião fez o ladrão

O prazer me roubou

A noção

Mas que tal é essa

Se na verdade

Tudo é tão sem

Razão?

Pequei mesmo

Pequei sim

Pequei gostoso

No meio daquele alvoroço

Senti-me assim

Enfim

Liberta

Libertina

Prazerosa

Mergulhada no néctar da vida

Embreagada de ânsia

Latejante

Pulsante

Dentro de mim.

Pois é

Eu pequei sim

Pequei grande

Pequei com vontade

Só pra me sentir assim

Dentro de ti.

Lorena A.



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terça-feira, 10 de julho de 2007

reticências.

Não adianta negar

Não adianta deixar

O que ficou sempre muda

O futuro que virá.


Lorena A.


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domingo, 8 de julho de 2007

crítica.


Bom, novamente estou lendo literatura barata. Indústria cultural. Ela também faz parte do meu dia-a-dia. Enfim, após um certo tempo que eu passo mergulhada em grandes autores, permito-me a dar uma escapulida e ver algumas coisas que são geralmente denominadas banais.
Baixei esse livro por acaso, estava na verdade procurando livros de Nietzsche, que é mais que uma inspiração pra mim. Quando não sei como ele apareceu.
O doce veneno do escorpião. O título me soou muito interessante. Escorpiões me atraem... Seu poder de atração é naturalmente perceptível. Mas até aí não fazia a menor noção do que se tratava. Mesmo assim, baixei sem olhar a quem pertencia a autoria desse livro.
Bruna Surfistinha ha ha ha! a tal prostituta dona de blogger, que resolveu abrir todo o seu universo e dividir com os internautas. Já havia visto entrevistas suas na TV, e diversos artigos na Internet.
Comecei então, a minha tragetória dentro desse universo tão sexual, mas também cheio de dor, de angústia e solidão, que é o universo de uma prostitua (de luxo, diga-se de passagem).

Não pretendo aqui fazer uma resenha do livro... até porque não há necessidade de tamanho aprofundamento. Mas digo que a história é no mínimo interessante. Excitante também. Óbvio.

Sinto que no fundo essa tal surfistinha é também uma sofredora acima de tudo. Mas uma sofredora hedonista. Ela amava o sexo e descobriu isso muito cedo.
Ela não receberá nunca o mérito de escritora, mas sua história me fez divagar muito. Já havia lido algo parecido em Onze Minutos, de Paulo Coelho; mas o livro da Bruna é, digamos assim, mais abrasileirado e mais pé-no-chão.
Enfim, o que mais me chamou a atenção não foi necessariamente o conteúdo do livro ou a dimensão de suas histórias, mas a repercursão que isso me causou. O fato de eu estar lendo, provocou muita curiosidade em quem eu menos esperava. Todos a quem eu dizia
o que estava lendo, primeiro, o espanto; depois a pergunta... porque você está lendo isso?
Hahahahaha.
Interessante.
No mínimo interessante.

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Morphia´s waltz.

I see your eyes
Blue and wide open
Take your time
My divine creature
My arms will provide
Undivided attention.
Sleep, child sleep
Rest your eyes
Untill the sun comes up
And you´ll awake
To light, everyone´s day
Up again.
Rest your head
In my leap, honey.
The day I wept
Is when I had you my love.
Sleep, child sleep
Rest your eyes
Untill the sun comes up
And you´ll awake
To light, everyone´s day
Up again.

Morphia´s waltz
[the gathering]


quinta-feira, 5 de julho de 2007

reflexões.

O que queres da vida?
O que deseja pra si mesmo?
O que acha que é melhor pra você?

Até um tempo atrás, eu tinha uma certa dificuldade de decidir o que eu realmente queria para a minha vida, o que eu achava que realmente era bom pra mim, ou o que eu achava que me faria feliz. Tinha como bússola para a minha tomada de decisões o que meu coração gritava e dizia que era bom. A tal história de seguir o coração.
Não fiz grandes escolhas seguindo-o. Na verdade, nem sempre era aquilo que eu queria. Mas depois de várias escolhas frustradas, descobri que o coração é um mau conselheiro, que ele é enganoso, mas que, também, não devemos negligenciá-lo. Devemos sim ouvir o que ele têm a nos dizer, é importante. Mas a chave de tudo está em ouvi-lo e interpretá-lo. Não em segui-lo cegamente, pois quando se está perdido e se decide seguir apenas ao coração, mais perdido tende a ficar.
Mas daí me surge a pergunta: se não deve se seguir o coração, a quem devemos seguir então? A razão?
A escolha pela razão me é útil no meu dia a-dia, desde as minhas escolhas mais simples até as mais complexas.
Aprendi a racionalizar meus sentimentos apenas. Não a deixar de senti-los.
Houve um tempo em que estas questões me amarguravam muito, me causando uma angústia profunda.Mas houve um tempo. Não existe mais.
Me deixava levar muitas vezes por opiniões alheias. Não que estas não tivessem a sua importância, mas o fato é que eu não conseguia filtrá-las e repensá-las. Acabava tomando-as como as minhas próprias opiniões. O que consequentemente agravava minha situação.
Na verdade, eu queria tudo ao mesmo tempo. Razão, emoção, sentimentos... tudo!!!
Mas isso também é um erro, pois eu continuaria sem encontrar nenhuma resposta... apenas surgiriam mais dúvidas ainda.
E, depois de tanto refletir sobre a vida, de pesquisar religiões, mergulhar na filosofia, cheguei à conclusão de que tudo, absolutamente tudo, só é possível a partir do seu desejo mais profundo. Basta você querer que tudo começa automaticamente a transformar-se ao seu redor e no universo inteiro para que seu desejo seja realizado da forma que você planeja.
Mas não se deve apenas desejar, mas querer com o seu mais forte íntimo, e não preocupar-se como isso virá a ocorrer. Isto não nos cabe, pois o Universo de Deus é muito mais poderoso e se encarregará de trabalhar para a nossa realização, seja ela qual for.

Descobri também em meio a este turbilhão, o grande poder da intenção. Poderá para alguns, soar como falsa modéstia ou até hipocrisia, mas nunca fui pretensiosa para conseguir o que eu queria. Na verdade, eu era apenas uma pessoas que não se amava o suficiente e que compensava essa falta de amor-próprio, essa passividade, como uma forma de mostrar-me humilde, de tentar mostrar que não queria me aproveitar de ninguém e de nenhuma situação. E ninguém tem noção do quanto difícil foi admitir isso. Não pros outros, mas para mim mesma.
Assim, amadureci.

Foi difícil descobrir que realmente de boas intenções o inferno está cheio.

Humildade não é passividade.
Humildade é sentimento nobre, é força sobre humana.
É dádiva.

Quanto ao uso da razão percebi também que basear-se somente nela pode fazer com que você deixe de viver a sua condição humana. Não se permite viver o amor, a paixão, o perdão, sentimentos bons como estes. Claramente, ela nos priva de certas decepções e sentimentos ruins, como a culpa, a raiva e o ódio. É uma faca de dois gumes: precisa ser bem trabalhada para gerar bons resultados.
Hoje, posso afirmar que me encontro entre esses dois pólos: Razão e Emoção, na busca permanente do equilíbrio pleno, que é onde encontro as respostas para as minhas dúvidas.
E em falar no grande poder da positividade.
Mas isto é uma outra história.

Lorena A.



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quarta-feira, 4 de julho de 2007

por liberdad y amor.

Cuantos tienen tantos
tantos no tienen nada
yo, por ejemplo
no tengo tanto
mas tengo cuanto
tantos no tienen
como el dón de rimar el canto
de cambiar el dolor por el llanto
y apasionarme por el bien.
El llanto no es el dolor
ni el canto es de la casa que vivo
y el dolor del llanto que lloro
es por liberdad y amor.

[Hector Pellizzi - Poeta argentino]

***********************************************************

Quantos têm tanto
tantos não têm nada
eu, por exemplo
não tenho o quanto
tantos não têm
como o dom de rimar o canto
de trocar a dor pelo pranto
e me apaixonar pelo bem.
O pranto não é da dor
nem o canto é da casa que moro
e a dor do pranto que choro
é por liberdade e amor.

explosión del amor.

De trazo en trazo
trazo tu cuerpo
tua alma, tu modo de ser
com calma, trazo tus trazos
tus pechos, tus brazos
abrazo tu cintura
y te siento criatura
en un frío feliz,
delirio en tu piernas
palpo tu nuca
huyo del mundo
y en un grito profundo
me olvido donde estoy
subo la boca hasta tu boca
y escucho de tu oído
el estruendo de un gemido
es la exploción del amor.

[Hectór Pellizzi - Poeta Argentino]

*********************************
De risco em risco
rabisco teu corpo
tua alma, teu jeito
com calma, teus traços
teus braços, teus peitos
abraço tua cintura
e te sinto criatura
num frio feliz
deliro tuas pernas
apalpo tua nuca
e numa sensação maluca
fujo do mundo
num giro profundo
esqueço aonde estou
subo a boca até tua boca
e escuto de teu ouvido
o estrondo de um gemido
é a explosão do amor.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

saudade.

falta-me companhia,
não,
pois caminha comigo,
rindo,
contemplando o brilho
dos teus dentes,
aparentes,
que insiste em me mostrar.

vem comigo,
contigo nunca fico sozinha,
aproveito-me sem despeito,
e por causa de ti,
levo todos a todos
por onde andar.

teu semblante às vezes é triste
me volto e olho de novo
é alegre
traz com ele o que não se esquece
o que ninguém consegue
o que ninguém se deixou apagar.

vem pura e linda em minha vida
me permita estar no passado
me permita estar no presente
me permita estar em nossos
futuros.

é assim que a saudade
minha amiga mais por vaidade
acompanha
o meu caminhar.

Lorena A.



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la soletudinè.


Solidão...
Como tu és companheira
Minha parceira
De luas
e Noites insones.
Solidão...
Vivo a chamar teu nome
Mesmo sem saber
A fome
Que eu a ti tenho dar
De comer
E o homem
[Que se dane o mundo]
Mesmo que por um segundo
Prefiro a mim e a ti
Rainha
Da minha sabedoria
De minha nuvem de pensamentos
Dos meus sonhos
Dos meus amores
E ela,
Somente ela
Que possui o meu mel
Meu néctar fiel
Guarda
Embrulhado em papel de seda
Da minha vida
Solidão...
Mãe acolhedora do mundo
Escola de ventre profundo
A quem irei amar eternamente.

Lorena A.



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scraps.


Trimera Casa de Letras.

Blogueiros do Piauí.