terça-feira, 27 de maio de 2008

A quem quer que seja.




No sagrado e no profano,
Me reina uma condição.
Por estar dentro um do outro,
Não tenho mais nem coração.
O que um dia a vida cala,
O sentimento lateja,
Ensinando durante os tempos
A quem quer que seja.



A quem quer que seja.




Lorena A.

Almost there!



E eu ainda não me livrei desta verdadeira verdade, consolidada, com gosto de saudade.
Daquela vontade de chegar em casa do trabalho e te jogar na minha cama. De aparar a sua barba e futricar sua barriga. Ou melhor, deixar que você me futrique. Bem sentimento de balança, eu prefiro não decidir nada. Apenas sinto vontade e sugiro-as de vez em quando.
Quando o seu ser quer, ele me obedece, mas quando não, sou eu que tenho que fazer manha, antes que todas as idéias tolas se tornem visões ad[úl]t[er]as da minha vida e me façam deixar voar nessa constância impermanente de ser menina, ou de ser mulher, tanto faz.
O gênero é o mesmo e eu ainda não sou capaz de mudá-lo nem com a minha pretensão. Não sou Deus [ainda]!
E ainda aquela que grita feito gasguita disse que eu ia ficar louca. É difícil, porque eu enlouqueci lá atrás, num passado até que meio recente [ou indecente] pra gente. É difícil alguém enlouquecer mais de uma vez. Só se fica louco de verdade uma vez na vida.
E o cheiro de saudade ainda desmonta a minha boca.
Pupilas gustativas me distinguem da maioria dos mortais, me lembram o tempo todo o quanto sou real. Me lembram o tempo todo o quanto a realidade é transitória e eu até certo tempo estava perdendo tempo. Mas quando eu resolvi jogar a lagartixa na parede e chamá-la de meu amor, tudo ficou certo, simétrico, lindo...
... e com um sorriso encantador.


Lorena A.

domingo, 25 de maio de 2008

A voz do silêncio.



"Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim."

[...]

[fragmento do texto A voz do Silêncio, de Marta Medeiros].

sábado, 24 de maio de 2008

attack.



e eu
que sempre fui destas cores,
destas formas de ver.
duas, três quatro cores.
é só que se vê.
nada além de poucas luzes,
pelas frestas da cortina,
é o pouco claro que há.
nada que impeça que a fome,
nesta noite,
de mim
vá a te atacar.





Lorena A.


roads.


mais do que
podemos imaginar,
precisamos de caminhos,
assim como aqueles espinhos
nos causam a lentidão da dor.
viver alegremente
ardentemente
morrendo
de fazer amor.







Lorena A.



picture by danillo.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Unbeliveble.



Incrivelmente a paz ressurgiu. Nada do que uma meia dúzia de palavras tortas e bobas não desarmem certas armaduras.
Tudo na ampulheta agora.
No tempo.



Lorena A.


terça-feira, 20 de maio de 2008

Could be.



Eu poderia ser aquela que acordou tarde e encontrou um vazio na cama. Eu poderia ser aquela que diz que vai cuidar de você e no entanto, não consegue nem dar-te os remédios certos na hora certa. Eu poderia ser aquela que fica do seu lado, que sai com você à noite e distribui toda simpatia em seu nome. Eu poderia ser também, aquela que diz que gosta de você de verdade, mas que no fundo, não é ela que você ama.
Eu poderia ter ficado contigo, até quando um abajur fazia mais diferença sua vida do que eu. Eu poderia ter ficado ao seu lado, mesmo que sem o corpo presente, esperando uma luz caísse na sua cabeça e te mostrasse o meu real valor. Eu poderia sim, ter ficado inerte, aparente, inconsciente, esperando a melhor hora pra deixar de te amar.
Mas como eu poderia ser tanta coisa, preferi ser eu mesma, sendo aquela que escuta o seu violão tocar e se arrepia. Aquela que escuta o ruído do seu sorriso e estremece. Aquela que viu nos seu olhos, a beleza do teu ser. A vontade de viver que tanto você tenta esconder.
E de mim você não esconde nada. Nem esta vontade insana que se perpetua durante toda uma vida (juntos), e não tem medo de nada.
Em busca da vontade coerente, o acidente foi pré meditado. Já estava escrito nas e[n]strelinhas.
E tudo foi por água abaixo.



Lorena A.

domingo, 18 de maio de 2008

Na ânsia de estrangular esse impertinente sonho.



Por pura impertinência alheia eu resolvi mudar. Decidi desenvolver a minha vida de maneira léxica e metafórica. Alguns absurdos me surgiram, mas eu tirei completamente de letra, ou de música, ou de canção. Mas isso não importa, o que importa mesmo é a distância. Sabe por quê? porque eu comprei uma arma poderosíssima contra essa que maltrata a minha pele, o meu músculo e me faz desidratar de vez em quando. Uma arma praticamente silenciosa, e nesse meu ver atual, quase que lúdica. Eu tinha medo dela, mas resolvi dá-la de presente daí acabou o medo. Engoli esse medo junto com o meu orgulho e um gole de coca cola zero. Ui! Mas foi bom, porque daí eu fui enfrentar outros monstros lá na rua, monstros que vivem de manhã de tarde e de noite.
Fui obrigada a fumar um cigarro. Em tempos de anti-lisergia, ele parece mais um objeto de falta de classe, anti ecológico, anti relax. Eu acho bom quando eu tô nervosa, saí do trabalho com aquela dor lombar e meu celular descarrega. Enquanto isso acaricio o meu gato que desse jeito também vai sofrer dos pulmões que nem eu daqui a alguns anos. Mas é como eu disse, o presente eu já dei, agora só resta esperar a aceitação positivista.
É bom porque eu fico leve quando você troca toda sua malícia por essa vontade sua de querer me ouvir, coisa de mulher isso, mas eu também gosto quando você vem com as safadezas ensaiadas em muitos anos. Levemente fico rindo quando você fica monossilábico e eu sei exatamente a função disso ou o seu significado. Sinal de que até o seu silêncio é ouro pra mim, prata pra outras.
Nada de falsificações aqui. O tempo trocado em miúdos foi suficiente pra descobertas íntimas de condições e redenções. Até para adivinhações de pensamentos e descobertas no outro. Esse frio congela meu coração e eu fico cada vez menos eu.

E nessas costas era aonde sua mão deveria nadar.





Lorena A.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Frozen.



Acho que congelei.
Todo aquele fulgor desapareceu.
A realidade é cinza e sincera e eu tô congelada.
Fria, trôpega.
Melhor, atropelada.
Ofuscada por reflexos de egos sentimentais,
Eu parei, congelei no tempo a meu modo.
Com molho de camarão e uma pespi mundo afora.
Tinha deixado de mão aquela sensação de prisão,
Prisioneiro absoluto.
Tudo era vago
Mas mesmo assim fazia sentido.
E alma sentia mais cada um dentro de si.

Captou?




Lorena A.


quarta-feira, 7 de maio de 2008

pregnant.


Uma calmaria transbordante tomou conta de mim. Grávida de uma espera. Tive que me fazer paciente. Enquanto ela não estiver toda formadinha e pronta pra sair, ela não poderia vir ao mundo e eu jamais poderia desejar isso. Ia fazer mal à mim, ia fazer mal à você. Enfim, ia fazer mal a todo mundo e é disso que eu não vivo.
Mas não viver mais da ânsia da chegada, eu me peguei discutindo com prazer o por quê de não irromper essa trajetória geradora, que afinal de contas eu tenho que gerar o quê? Será que daqui a nove meses eu vou vomitar todo o meu ardor e pedir perdão por tê-lo? Obviamente, você não será o médico que tratará de minhas dores e que prevenirá a minha eclâmpsia.
Vamos ver no que vai dar.
O zigoto [bem] desenvolvido de uma paixão.
Será que vai ser bonitinha?
{Não se avexe não, baião-de-dois!}


Lorena A.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

1, 2, 3!




E eu naquela posição mesma que dormi eu acordei. Tudo pardava. Eram como se fossem as corruptelas sentimentais que eu costumo deixarem partir-me ao meio. Mas não numa senso-condição de vontade autônoma. Mas sim filha de uma possibilidade nada extrema, nula.

Em meio a esta tarde turquesa, eu fico a me achar, dentre aqueles devaneios que latejam nas nuvem do meu cérebro. Um gelo em meio ao coração. Que só derrete com o calor do teu corpo.







Lorena A.

Justo agora.



Eu ouvi dizer que você assim
Como quem não quer nada
Perguntou por mim


Agora

Logo agora

Justo agora

Eu ouvi você
Me dizer que sim
Mas era silêncio o que se ouvia
Quando dei por mim


Agora

Logo agora

Justo agora

Eu ouvi dizer que você assim
Como quem não quer nada
Perguntou por mim

Agora

Logo agora

Justo agora


Eu ouvi dizer
Que você assim
Como quem não quer nada
Perguntou por mim






[...]




adriana calcanhotto.

scraps.


Trimera Casa de Letras.

Blogueiros do Piauí.