sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Vermelho-veneno.

E por quão tarde ardi-me por sentir-te dentro de mim! Aquele momento cálido, revestido de uma moldura nada pura ou leve, me trouxe arrependimentos amargos. Mas acho que prazer maior na vida nunca senti.

Vesti-me aquela noite sabendo inconscientemente que haveria o devorar-te. Bom, nada demais se na minha condição houvesse a solteirice plena, banalizada e erotizada por desejos remotos de mulheres do passado, em viver uma liberdade feminina completa, não imaginando nunca que seus reflexos poderiam de alguma forma atingir os meus milhares de neurônios - e por diversas vezes hormônios - confusos e desordenados.

Saí sem ele. A noite era minha. No máximo também se extenderia a cúmplice que comigo carreguei, pois mesmo antes de saber que algum ato fálico, ou melhor, falho, pudesse vir a acontecer, ela teria que existir e permanecer na sua condição de guardar qualquer que fossem os frames por mim editados e estrelados naquela noite.

Quente pra variar, saí com aquele vestido mais-que-provocante. Um verdadeiro atentando ao pudor em versão da moda, coisa que todo homem deseja ver uma mulher usando só pra poder ter o prazer de tirá-lo, depois. Não foi propósito meu, confesso; mas o fogo já ardia a algum tempo. Aquele telefonema há muito tempo estava sendo esperado. O ok, o sinal verde, a flâmula branca, a rendição da carne.

Chamariam-me de adúltera, de prostituta, promíscua e todos esses nomes bonitos que a sociedade convencionou pra que pudessem uma forma de humilhar-me diante do meu ato. Sei bem o que fiz, o difícil de cair junto com a ficha, é a idéia que o ato foi uma repetição de muitos e muitos outros atos-gêmeos que estarão por vir. No presente ausente do futuro eles já estão todos prontos, concebidos. Meu desejo proclama isso e eu infelizmente não posso deixar de ouvir. Nada pessoal, mas o tênue fio da confiança essa noite foi corroído e corrompeu-se diante do intenso vemelho-veneno da traição.





Lorena A.

2 comentários:

gigio disse...

Saí sem ele. A noite era minha. impressionante, que no momento do tranze da determinação de cometer um ato falico, enublece a ficha caindo junto com vc logo depois, de acordo com o caráter/sensibilidade de cada um, o arrependimento, ou não... impressionante a expressão que remete as sensações reais de uma situação de quem ja viveu essa situação..
congradulation!!!

Anônimo disse...

Nooooosssa!!!! Adorei, sério.
Super. Deu água na boca aqui. Hahahaha.

scraps.


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