domingo, 30 de dezembro de 2007

o conto de fadas da mulher abandonada I.



então, querida. me dói mais do que pesadelo estar escrevendo esses absurdos ditados agora então nessas insignificantes páginas diante, da dor que ainda não cabe em meu peito. essa tal dor que eu provavelmente já fiz alguém sentir na vida e que até então, eu negligenciava, pois achava-me completamente superior a ela.
superior talvez no sentido apenas de não haver sentido-a nunca, mas acho que até já senti alguma vez, mas não com tamanha proporção. esta dor está me invadindo de uma forma que chega a sufocar, que chega a fazer com que eu não me importe com o real (ou os quais) motivo que fez com que ele me deixasse.
tenho tanta raiva, mais tanta raiva que quase me faz sair correndo, louca desesperada, com as roupas rasgadas e o cabelo desgrenhado. uma raiva que me consome, o pecado mortal da ira, que até então eu também não sabia que poderia ser tão gostoso.
mas afinal, de quem eu teria raiva? daquele vagabundo por não ter valorizado o meu doce mel, o que de melhor entreguei-lhe nas mãos, ou por mim mesma por ter sido tão completamente idiota e não ter percebido que desde o início a feita de otária, fui eu?
sinto-me como suas ex-amantes, perturbadas pelo sentimento de impotência, de saber que ele não dará a mínima mais pra mim e eu, se quiser que me exploda, me foda ou coisa assim. mas normal, como agora enxergo com lupas da verdade posso dizer que sim, eu vou me explodir, eu vou me fuder.
mas um fuder que pelo menos seja gostoso, pois todos os que vieram de você por melhores que tenham sido, foi por amor, aquela coisa melosa, que não nos faz chegar a lugar nenhum e deixa o sexo cada vez menos pervertido, mais angelical... ai, coisa que pra mim era de alguma forma natural, pois por eu ser puritana, tinha que me manter assim com você na cama, senão era bem fácil você pensar que eu fosse uma puta (coisa que eu sempre fui), e me largasse. e então, eu mesmo gostando de fuder como você gostoso, minha sacanagem era resguardada, ENRUSTIDA.

mas agora que você se foi, me ponho a pensar e a perceber o quanto tempo eu perdi, o quanto eu poderia ter feito esse nosso amor render, o mel do desejo derramar, o quanto eu fui culpada de não ter feito você mais homem, mais meu homem e eu mais sua mulher, sua ninfa, sua deusa.

abro espaço então para as minhas apologias.
sei que errei senhoras amantes dele antes de mim. e espero agora o preço de amargar a volta, das ex: ex-mulheres, ex-histórias, e o nascimento do que nunca poderia via acontecer: os novos-velhos casos.



cont. [...]

Lorena A.



Creative Commons License


Esta obra está licenciada sob uma
Licença Creative Commons.

Nenhum comentário:

scraps.


Trimera Casa de Letras.

Blogueiros do Piauí.