sábado, 5 de janeiro de 2008

contorno e retorno.

desci no aeroporto de são paulo com plena noção do que estava prestes a me acontecer: durante aqueles torturantes horas de escala, eu viveria uma desenfreante ansiedade, que me deixaria anestesiada; e , como se não bastasse, teria ainda que tomar a decisão que por tempos teimei em adiá-la.

[bate outra vez, a esperança no meu coração]


desde a saída então, pensei em tudo que eu havia vivido com ele, no quanto havia sido bom! como o entregar-me havia sido pleno, como eu vivi bem o meu nunca esquecido primeiro amor. mas, ao chegar neste ponto agora, tudo mudou. outras histórias de amor vividas em uma outra terra distante, no outro lado do mundo, outras línguas trocadas... sexo, sexo, sexo...!


e enfim, até que eu ponto eu poderia compartilhar com ele, o meu tal homem que vive nos meus sonhos, o sonho de amor vivido que no passado deixei? não sei. a dúvida persiste e as horas, passam...


e como não levar em conta aquele outro homem com quem dividi diversas e adversas situações, que se pôs ao meu lado quando mais precisei, que mostrou-me sua face mais bela, sem precisar dizer me uma palavra sequer?


[estaria eu então dividida entre dois mundos, duas línguas, dois corpos, dois países.]


algumas poucas horas me separam desta terrível decisão. a encruzilhada está a minha frente e eu tenho que enfrentá-la.

aproximei-me do guichê e solicitei uma passagem para o goiás.


[e era lá que meu coração clamava por abrigo.]


mas eu, mesmo que inconscientemente, sempre tentei mater-me em mim uma postura racional diante das situações vividas, fiz uso mais uma vez dessa peculiaridade. negligenciei o que meu ta enganoso coração (ou intuição) estava tentando me mostrar.


e em seguida comprei o bendito bilhete de embarque para o meu passado, para aquilo que eu ardia em curiosidade.

as horas agora haviam sumido do meu relógio, e eu só me via diante da escolha já tomada: a hora do retorno.


Lorena A.



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