quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

moderninha.


sou uma mulher assim digamos,

moderna.

o que meu tempo dita é o que eu automaticamente

consumo,

e assumo, que não vivo sem o consumir.

se passo na rua, e vejo um perfume

logo quero que ele esteja entre tuas juntas,

para que em cada vez que eu percorrê-las

eu possa lembrar do preço que ele custou.

quando vou ao shopping e deslumbro-me com aquela calça

de vitrine, procuro logo o preço,

e penso

no quanto seria bom sentir sua mão entrando pelo zíper dela,

quando nela eu estivesse vestida.

e sobre os meus cabelos nem se fala!

eles falam por si só e acabam

por mim mesma definir.

cor dependente de lua,

corte de acordo com o humor,

textura de vez em amargura,

conseguir no dia me definir.

a tpm até ajuda em certos casos,

pois quando mais chata me sinto

mais é o fiasco,

e mais você me chama de bonita.

mas por quê, se bonita eu não sou,


o que tem de belo em mim

são as lindas unhas que eu fiz

e que mandei a mamãe do céu de oxum

pintarem de vermelho.

e diante do meu espelho

espero que os quilos que eu descobri

de ontem pra hoje que existem

desapareçam e cresçam

como o fermentado bolo de chocolate floresta-negra

devorado


na bunda que esqueceu de aparecer...









Lorena A.




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