quinta-feira, 26 de julho de 2007

o sonho II.

II

Iniciamos então a distante missão de descobrirmos um ao outro, assim como aquele que fez tudo que há ao nosso redor, fez você e sua infinita beleza.

Não saberia dizer se já imaginava algum esboço dele ou não. Simplesmente aconteceu como aconteceu com o lugar: como se tudo houvesse sido pré-planejado. Mas aquela altura aquilo já não me incomodava mais, apenas a ânsia de tê-lo por completo – seu corpo, seu coração, sua mente, sua alma - me consumiam mais que tudo.

Queria tanto conseguir exprimir os sentimentos que guardei durante toda uma existência a você nesse momento de agora. Mas vejo que mais uma vez o controle é roubado de minhas mãos, e que não pertenço a esta missão. Alguém encarregouse de tal feito, permitindo que eu apenas usasse meus olhos como fonte de comunicação.

Nada mais importante. Tudo é tão sublime que entrego qualquer poder que possuo em troca de poder sentir cada minúcia desse momento.

O cheiro. Meus sentidos agora pertencem a um substantivo indizível, a algo que seja simplesmente humano. Não seria capaz de retratá-lo com palavras, meras expressões humanísticas, a não ser que surgisse a mim, como tudo neste belíssimo sonho, línguas novas, uma perfeita e inédita linguagem angelical. Fora isso, nada mais seria suficientemente digno de expressar meus mais belos sentimentos.

Tua pele retrata a mais bela pureza. Possui a suavidade da superfície da pétala de uma orquídea e o aroma de uma rosa recém florescida, ainda orvalhada, úmida e quente. Meu trabalho agora é contemplar-te, sentir cada centímetro do amor que tens a me oferecer.

Chegamos a uma parte desconhecida do bosque. Rodeada de árvores centenárias e suas trepadeiras, ouço o piado de aves que anunciam o descanso. Enquanto a natureza prepara-se para jogar de vez seu negro manto e espalhar nele cintilantes lampadinhas florescentes.

Ainda sinto o mormaço de uma quente tarde, com céu limpo e brisa constante. O clima estava agradável, mas a medida que a noite chegava, eu começava a perceber que esta viria fria. O que me consolava era saber que o meu calor estava ao meu lado.

Escolhemos o canto mais perfeito. O mais perfeito pra nós. Lá sentamos e ele se dispôs a me presentear. Fez surgir um belo banquete com guloseimas: das mais diversas possíveis. Não só as que eu gostava, mas todas aquelas que eu poderia desejar.
Frutas, muitas frutas. Robustas, vívidas, suculentas. Deliciei-me com este manjar dos deuses, com as iguarias que ele me proporcionava. Um belo momento de prazer.

Enfim, ele tira de sua sacola uma vistosa garrafa de vinho. Não conheço seu rótulo, muito menos a origem, mas mesmo assim saberia que ali havia o vinho mais delicioso e encorpado que um ser humano já foi capaz de produzir e que agora eu iria experimentá-lo.

Vinho. As taças de cristal clamavam para ser preenchidas com tal líquido delicioso. Seu aroma inebriante me fazia querê-lo mais e mais, chegando a tomar mais de cinco taças. Ao fim do deleite, ele me entrega uma bela jóia. Uma bela safira. Reluzente, magnífica. Fico atônita durante alguns instantes. Sem entender direito mais uma vez o porquê daquilo tudo.

Tome, isso é seu. Ela lhe pertence. Tudo que vim fazer aqui foi entregar-lhe tudo que de melhor possuo, sem nenhum constrangimento e despreendimento. De onde vim, nada disto é mais valioso do que a perfeição do seu sorriso, a maior janela da alma humana.

Seus olhos são como faróis. São eles que guiam o caminho que mais me é certo a seguir. Por isso, não cogito nem questiono o porquê disso tudo. Porque apenas sei que é o certo.

Seus lábios, dois travesseiros onde neles posso repousar os meus, e descansar meu coração, sentindo segurança na suavidade do seu toque.

Teu corpo é meu refúgio, nele sei que posso confiar, é a minha fortaleza, meu lar. Tua mente me mantém seguro, fiel e confiante. Sei que por ti consigo viver. Se não foste tu, apenas tu, todas estas pequeninas razões, não existiriam.

Seria tudo isso, o amor?

::lorena a.::

Continua...


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